O circuito da música ao vivo começa agora a desconfinar em Portugal. Ainda que com restrições de lotação impostas pela Covid-19, que dificultam a programação, por todo o país os próximos dias serão do início de uma retoma que se espera que se possa vir a intensificar.

Se as alterações de datas de concertos e a indefinição provocada pelo último confinamento lhe trocaram as voltas, tem aqui uma lista completa do que poderá ver e ouvir até ao fim de maio. O Observador selecionou uma série de concertos e DJ sets de pop-rock, jazz e música de dança que acontecerão nas próximas três semanas por todo o território nacional, de norte a sul, do Porto a Faro.

Grande Lisboa

7 de maio (6ª feira), 19h

Ricardo Toscano Trio, Hot Clube de Portugal, 7,5€ para sócio e 10€ para não-sócios (pré-reserva)

A lotação será muito limitada, portanto é uma questão de contactar o espaço. Não havendo bilhetes, não faltam mais abaixo boas alternativas para uma sexta-feira com música ao vivo, mas assistir a um concerto de jazz no Hot Clube de Portugal — que estava há muito fechado devido à pandemia da Covid-19 e que agora reabriu com restrições — é sempre especial. Ainda para mais do safoxonista Ricardo Toscano, um dos prodígios do jazz português, que atuará acompanhado pelo contrabaixista Romeu Tristão e pelo baterista João Pereira.

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Ricardo Toscano: o jovem prodígio do jazz já tem um álbum para mostrar

Outras propostas para 7 de maio: Fausto Bordalo Dias no CCB / Fogo Fogo na Casa Independente / Lena d’Água nos Recreios da Amadora / Camané e Mário Laginha no Fórum Cultural do Seixal / “No Princípio Era o Verso” no Capitólio / The Gift no Campo Pequeno / Sun Blossoms na Smup Parede / Moullinex Listening Party no Lux Frágil / Mbye Ebrima Trio, B.Leza

8 de maio (sábado), 20h

DJ Marfox e Rastronaut, Lux Frágil, 5€

Ouvir batidas dançantes numa discoteca, eis algo que a pandemia da Covid-19 tirou a meio mundo — exceção feita aos DJ sets online que se foram fazendo e transmitindo pelas redes sociais e Youtube ao longo dos últimos meses. Este sábado, na discoteca Lux Frágil, em Santa Apolónia, DJ Marfox (Príncipe Discos) e Rastronaut encarregam-se do som. A quem for recomenda-se a prática de sit-dancing.

Outras propostas para 8 de maio: DJ Castle e Hélder Russo no Suave / Black Mamba no Campo Pequeno / Cantigas de Maio no Espaço Espelho d’Água / Lisbon Poetry Orchestra – Os Surrealistas no Capitólio

12 de maio (4ª feira), 19h

Amaura, B.Leza, 8€

É a maior embaixadora em Portugal de uma soul moderna, sensual e com laivos eletrónicos que se vai ouvindo por outras paragens (em especial pelo Reino Unido). Mas Amaura é também uma escritora de canções de caneta apurada, que ouvimos cantar no álbum Classe Crua (do projeto em duo de Sam the Kid e Beware Jack). Os temas de EmContraste, mixtape que lançou em 2019, e as três canções do EP Denso (2020) não deixam dúvidas: há aqui talento. Para descobrir melhor no B.Leza, na próxima semana.

Outras propostas para 12 de maio: Yakuza no Musicbox / João Dória na Galeria Zé dos Bois

13 de maio (5ª feira), 21h

Maria Reis, Lux Frágil, 8€

Maria Reis, outrora conhecida por integrar o duo de rock cheio de nervo Pega Monstro (com a sua irmã, Júlia Reis), tem vindo a trilhar nos últimos anos um caminho a solo. Já tem três EPs, ou mini-álbuns, no currículo: Maria (2017), Chove na Sala, Água nos Olhos (2019) e A Flor do Urtiga (2021). É o último, lançado já este ano e produzido por Panda Bear (Animal Collective), que Maria Reis irá apresentar num concerto integralmente a solo no Lux Frágil. Valerá a pena ouvir ao vivo canções como “Balúrdio” e “Olívia”, que revelam que Maria Reis está cada melhor no ofício de fazer cantigas.

Outras propostas para 13 de maio: David & Miguel no Teatro Tivoli BBVA

14 de maio (6ª feira), 21h

Marco Franco, Culturgest, 14€

Em 2017, o disco Mudra foi uma revelação. Marco Franco, músico que se especializara no panorama português como baterista — fez parte por exemplo da banda Memória de Peixe, tendo tocado também com Carlos Bica ou Dead Combo no passado —, aventurou-se ao piano com um disco a solo. O país indie descobriu um pianista novo, elegante e sóbrio a tocar. A 14 de maio Marco Franco apresentará ao vivo na Culturgest o seu novo disco, Arcos. Ainda não é possível ouvi-lo, o que só aumenta a curiosidade.

Outras propostas para 14 de maio: Mary B no Lux / April Marmara na Galeria Zé dos Bois / Rafael Toral: Space Quartet no CCB / Sara Correia no Teatro Tivoli BBVA / Aurora Pinho na Casa Independente / A Garota Não no Cinema Teatro Joaquim d’Almeida (Montijo)

15 de maio (sábado), 19h

Cristina Branco & João Paulo Esteves da Silva, Espelho d’Água, X€

No Espaço Espelho d’Água, que tem vindo a promover cada vez mais atuações ao vivo — aliando a programação cultural à oferta gastronómica e licorosa a quem ali passa só para uma refeição ou para tomar um café ao sol —, programou para o sábado de 15 de maio um concerto que não se repetirá muito em outras salas de espectáculo: um encontro entre a cantora Cristina Branco e o pianista João Paulo Esteves da Silva. Talvez valha a pena descobrir como soa a voz de Cristina Branco acompanhada apenas pelo piano, sem o contrabaixo e a guitarra portuguesa que também inclui nos seus concertos.

Cristina Branco: “A música salva-me sempre. Quais comprimidos… estou farta de poupar dinheiro”

Outras propostas para 15 de maio: Yen Sung no Lux Frágil / João Gil no Capitólio

17 de maio (2ª feira), 21h

Pedro Moutinho – Amália e os Poetas, Teatro Maria Matos, 15€

Para celebrar o centenário de nascimento de Amália Rodrigues — que se assinalou em 2020 mas que a pandemia impediu que fosse devidamente celebrado —, Pedro Moutinho levará ao Teatro Maria Matos um espectáculo intitulado “Amália e os Poetas”. O mote essencial é simples: o fadista vai cantar alguns dos grandes poetas interpretados por Amália, escolhidos a seu gosto, numa lista que inclui Camões, Fernando Pessoa, Alexandre O’Neil, Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, José Carlos Ary dos Santos e a própria Amália. A partir dos poemas escolhidos e da forma como Amália os cantou, o fotógrafo e realizador Sebastião Varela, sobrinho-neto da fadista, criou “a partir da fotografia” um “imaginário visual” para cada tema — o resultado será visto em palco.

18 de maio (3ª feira), 19h

Norberto Lobo, Novo Negócio (ZDB), 8€

Primeiro destacou-se pelas paisagens melódicas que compunha com a guitarra, talvez inspirado tanto pela portugalidade de Carlos Paredes quanto pelo fingerpicking e técnica de quem tocou só com guitarra os sons da grande paisagem americana (como John Fahey ou Jack Rose), em discos como Fala Mansa (2011) e Mel Azul (2012). Depois, em álbuns como Fornalha (2014) e Muxama (2016), procurou com acerto esticar experimentalmente os limites do som que uma guitarra acústica pode dar. Mais recentemente encaminhou-se para paisagens melódicas e jazzísticas criadas com um novo quarteto, com o qual gravou o disco Estrela, de 2018 (um grupo que incluía Yaw Tembe no trompete, Ricardo Jacinto no violoncelo e Marco Franco na bateria). Agora, Norberto Lobo volta a apresentar-se a solo munido da guitarra, num concerto em ambiente íntimo e com pouca lotação.

19 de maio (4ª feira), 21h

Knok Knok, Lounge, 5€ (grupos de 2 ou 4 pessoas devem fazer reserva)

Este ano os Knok Knok, que é como quem diz o duo composto pelos portugueses Armando Teixeira e Duarte Cabaça, editaram discretamente um álbum intitulado Gravidade — um disco que é também uma viagem por sonoridades eletrónicas e por paisagens instrumentais, quase cinematográficas e devedoras da tradição do krautrock. É um álbum pouco falado mas que merece ser conhecido. Armando Teixeira e Duarte Cabaça vão apresentá-lo já a 19 de maio, no bar e espaço de concertos Lounge, no Cais do Sodré. O cenário ainda não está exatamente propício a esta Gravidade mas o cérebro também dança.

Outras propostas para 19 de maio: Mynda Guevara nas Damas / Aurora Pinho no Musicbox

21 de maio (6ª feira), 20h

Paulo Flores, Coliseu de Lisboa, 15€ a 40€

Em mais de 30 anos de carreira, Paulo Flores nunca tinha atuado no Coliseu dos Recreios. É um motivo mais do que suficiente para gerar curiosidade quanto ao concerto que esta figura maior da música angolana e da música lusófona irá dar a 21 de maio. Como se isso não bastasse, Paulo Flores tem ainda um disco novo recém-editado — Independência —, no qual reflete sobre os 45 anos passados desde a emancipação de Angola face a Portugal, que irá apresentar ao vivo neste espectáculo. Espera-se uma festa rija, ainda que o disco traga canções com sombras e lamentos.

Outras propostas para 21 de maio: Linda Martini no Campo Pequeno / Gala Drop no Lux Frágil / Júlio Resende no Auditório Municipal Ruy de Carvalho (Carnaxide) / Cais Sodré Funk Connection no Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada)

22 de maio (sábado), 19h

Bruno Pernadas, Culturgest, 16€

Tal como acontecerá no dia anterior (o concerto faz-se em dose dupla, dividindo-se em dois dias), Bruno Pernadas vai apresentar o seu novo disco Private Reasons ao vivo na Culturgest, em Lisboa, a 22 de maio. Mago da canção pop, Bruno Pernadas tem trilhado um caminho onde os ritmos jazzísticos e as melodias das canções se cruzam, criando um universo musical próprio onde cabem influências estéticas de vários géneros e de diferentes pontos do globo. Em palco Pernadas atuará com um ensemble especial e alargado que inclui Margarida Campelo (voz, piano, wurlitzer, sintetizadores), Francisca Cortesão (voz e guitarra), João Correia (bateria e percussão), Nuno Lucas (baixo elétrico), Afonso Cabral (voz e guitarra), Minji Kim (voz), Diogo Duque (trompete, flugelhorn), João Capinha (saxofones tenor, alto e soprano) e Raimundo Semedo (saxofone barítono). É uma portentosa orquestra pop, esta.

O mundo encantado de Bruno Pernadas está cada vez maior: na sua cabeça existe uma grande big-band de canções

Outras propostas para 22 de maio: Scúru Fitchádu no Lux Frágil / António Zambujo no Cinema Teatro Joaquim D’Almeida (Montijo) / Salvador Sobral no Auditório Municipal Augusto Cabrita (Barreiro)

24 de maio (2ª feira), 21h

Minta & The Brook Trout, Teatro Maria Matos, 12,5€

Há 15 anos, uma escritora de canções e cantora portuguesa Francisca Cortesão decidiu colocar na rede social Myspace uma série de temas seus, cantados em inglês. Como Francisca Cortesão era um nome português, e ainda por cima sério e que impõe alguma solenidade, editou digitalmente as canções como Minta & The Brook Trout. Daí para cá passaram-se 15 anos, Minta & The Brook Trout tornou-se uma banda e vieram os discos — um álbum homónimo em 2019, Olympia em 2012 e Slow em 2016, a que ainda se somam EPs e um disco ao vivo chamado Carnide. No passado mês de abril veio o quarto álbum completo de estúdio, Demolition Derby, um disco que traz algumas nuances mas que mantêm a sensibilidade e o tom íntimo e deliciosamente pachorrento das canções dos discos anteriores. O primeiro concerto de apresentação dos temas novos acontece este mês, no dia 24 (uma segunda-feira) no Teatro Maria Matos, em Lisboa.

25 de maio (3ª feira), 20h

Criatura, Teatro da Trindade, 10€

No dia seguinte ao concerto dos Minta & The Brook Trout no Maria Matos, há mais uma proposta de música ao vivo que vale a pena considerar na Grande Lisboa: a atuação do grupo Criatura no Teatro da Trindade. Coletivo alargado (de dez elementos) que junta tanto influências jazzísticas quanto (sobretudo) um apreço pelos ritmos tradicionais das cantigas portuguesas, esta Criatura editou este ano mais um álbum, Bem Bonda, sucessor do disco Aurora (de 2016). É mais um trabalho que confirma que o universo de canções que aqui se concebe é distintivo, único, diferente de tudo o mais que se ouve e que transpõe para canções novas uma herança sonora antiga. Neste primeiro concerto de apresentação do disco em Lisboa, junta-se à Criatura o Coro dos Anjos, que também esteve na gravação do disco.

Outras propostas para 25 de maio: Neev no Teatro Maria Matos / Jon Luz no B.Leza

27 de maio (5ª feira), 19h

Mano a Mano + Rita Redshoes, Hot Clube Portugal, 10€

Numa fase inicial da pandemia da Covid-19, o guitarrista Bruno Santos foi um dos músicos que ajudou alguns ouvintes ansiosos a manterem a sanidade mental — sentado no seu quintal, com o vizinho Ricardo Toscano no quintal adjacente, iniciou um diálogo musical diário a dois mas com distanciamento físico, que era transmitido nas redes sociais. Toscano e Santos chamaram-lhe backyard sessions, sessões de jazz a dois no quintal (cada qual no seu) a que por vezes se juntavam a cantora e compositora Rita Redshoes, mulher de Bruno Santos, e a filha do casal, a pequena Rosa. A 27 de maio, uma quinta-feira, Bruno Santos vai dar um concerto no Hot Clube de Portugal com o seu irmão André Santos, com o qual tem um duo chamado Mano a Mano (já com quatro discos editados), e com Rita Redshoes. Promete-se cruzamento entre jazz e melodias pop, uma “parafernália de efeitos”, guitarras elétricas, a “linda e cristalina voz da Rita” e cordofones da Madeira, nomeadamente o rajão e a braguinha. Quem diz que não a uma boa noite de jazz e pop sofisticada?

Os vizinhos Santos e Toscano deram-nos música no quintal. Agora dizem “até já” do jardim

Outras propostas para 27 de maio: Bateu Matou no Lux Frágil / P. S. Lucas no Musicbox / Emmy Curl no Centro Cultural Malaposta

28 de maio (6ª feira), 20h

António Zambujo, Campo Pequeno, 20€ a 40€

Em junho do ano passado, mês em que voltaram os concertos que estavam parados desde março devido à pandemia da Covid-19, António Zambujo teve a missão de dar o primeiro concerto da era pandémica no Teatro Aveirense, em Aveiro. Zambujo apresentou-se aí a solo, só voz e guitarra acústica, e contou na altura ao Observador que não era apenas uma decisão logística para contornar as restrições de lotação que reduziam a bilheteira do concerto para menos de metade. Já naquele momento o músico português tinha em vista a gravação de um disco bem diferente do anterior Do Avesso (que teve arranjos de grupo e orquestra), mais descarnado, mais depurado, mais assente nos esqueletos das canções: apenas voz e um instrumento a acompanhar melodicamente. Se a canção resultasse só com esse esqueleto simples era porque a melodia e a letra eram certeiras. Movido por esse espírito de depuração, pensando também na morte da sua referência João Gilberto, António Zambujo pegou na guitarra acústica, abeirou-se de um microfone e gravou Voz e Violão, disco novo editado há poucas semanas. A 28 de maio, uma sexta-feira, apresenta-o pela primeira vez ao vivo no Campo Pequeno, em Lisboa.

Outras propostas para 28 de maio: Bateu Matou no Lux Frágil / JP Simões no Titanik / DJ Set de Benjamim no Village Underground Lisboa / Jorge Palma no Centro Cultural Malaposta

Grande Porto

7 de maio (6ª feira), 18h30

Samuel Úria, CCOP, 15€

Depois de apresentar nos dias 3 e 4 o espectáculo “Canções do Pós-Guerra Solo”, Samuel Úria vai levar este formato de concerto mais íntimo ao Porto, atuando no Auditório CCOP nos dias 6 e 7 de maio. Quem já viu um concerto de Samuel Úria ao vivo sem a sua banda, inteiramente a solo — como por exemplo o que fez há já sete anos em Santa Cruz, na “nave” Transforma — sabe que Úria, mestre da escrita e da palavra, tem especial apetência para desconstruir a solenidade e a exposição máxima que existe ao estar-se inteiramente só em palco. Certamente munido das suas guitarras, espera-se que revisite canções do seu último álbum (Canções do Pós-Guerra), tocando-as de forma descarnada e reduzindo-as à melodia e voz, mas também que passe por repertório antigo e por cancioneiro alheio.

8 de maio (sábado), 19h

Samuel Martins Coelho, CCOP, 10€

No mesmo espaço em que Samuel Úria irá, nos dois dias anteriores, tocar sem o suporte de uma banda como rede, o violinista e guitarrista Samuel Martins Coelho tem concerto agendado para 8 de maio. O mote para o espectáculo é o disco Cura, editado este ano pela discográfica independente Lovers & Lollypops e no qual Samuel Martins Coelho, que tem formação clássica mas que se tem desdobrado em projetos musicais de vários géneros, usa guitarra, violino e pedais de efeitos para criar novos sons com estes dois instrumentos.

Contra o medo, o pânico e a ansiedade, Samuel Martins Coelho pegou no violino e tocou

Outras propostas para 8 de maio: Sérgio Godinho no Fórum Maia (Maiafest)

14 de maio (6ª feira), 20h

Xutos e Pontapés, Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, 20€ a 40€

Eles são os reis do rock and roll, a banda elétrica mais portuguesa de Portugal. Nos anos 80 desbravaram caminhos e inventaram um novo rock popular, pujante, épico até que ainda não se ouvira por cá. Hoje são instituições intocáveis da música nacional. A 14 de maio, sobem ao Porto para um concerto no Pavilhão Rosa Mota. Será só mais um concerto dos Xutos & Pontapés, talvez, mas isso não é dizer tão pouco assim.

19 de maio (4ª feira), 19h

Black Bombaim, CCOP, 10€

Numa cidade cuja programação musical para as próximas semanas não se afigura robusta, o Auditório CCOP – Circulo Católico de Operários do Porto destaca-se das restantes salas pelos concertos que tem já programados. Um deles é este, a 19 de maio, da banda de rock pesado de Barcelos que nos últimos anos foi capaz de fazer discos tão merecedores de atenção quanto Dragonflies with Birds and Snake (em colaboração com o baterista e explorador de sons João Pais Filipe), Black Bombaim & Peter Brötzmann — uma parceria com o veterano saxofonista alemão do free-jazz — e Far Out.

21 de maio (6ª feira), 20h

António Zambujo, Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, 20€ a 40€

Tal como em Lisboa, também no Porto o guitarrista e cantor português António Zambujo irá apresentar ao vivo as canções do seu disco recém-editado Voz e Violão. No Pavilhão Rosa Mota, a 21 de maio, deverão ouvir-se temas como “Lote B”, “Visita de Estudo”, “Bricolage” e a sua versão de “Rosinha dos Limões”.

Outras propostas para 21 de maio: Filipe Sambado no Passos Manuel

27 de maio (5ª feira), 20h30

Rita Redshoes, Teatro Municipal de Vila do Conde, 5€

Este ano, a cantora e compositora Rita Redhsoes voltará a lançar um álbum de originais, sucessor de Her (de 2016) e Life Is a Second of Love (editado em 2014). Do disco conhecem-se já os dois primeiros singles, “O Amor Não É Razão” e a colaboração com Camané “Contigo É Pra Perder”. A 27 de maio, Rita Redshoes apresentará algumas das suas novas canções e temas lançados nos últimos anos no Teatro Municipal de Vila do Conde.

Restante território

Aveiro

No distrito de Aveiro, o grande destaque em maio vai para o concerto de Carlão no Teatro Aveirense, dia 14 — ou seja, na próxima sexta-feira. O antigo membro dos Da Weasel lançou em 2020 uma das canções mais populares do ano, “Assobia para o Lado”, mas poderá também regressar às canções dos seus últimos discos: Entretenimento?, de 2018, e Quarenta, de 2015.

Barcelos

Em Barcelos, um concerto a não perder no dia 29, o último sábado do mês: Afonso Dorido, que se apresenta publicamente com o seu projeto musical Homem em Catarse, lançou no passado mês de abril o disco Sete Fontes, um álbum de calmas e belas explorações melódicas e instrumentais ao piano. O álbum vai ser apresentado em residência artística no Theatro Gil Vicente.

Braga

Graças a duas salas com programação regular e cuidada, o gnration e o belíssimo e mais imponente e solene Theatro Circo, a oferta cultural em Braga destaca-se. E em maio isso vai ser novamente sentido: de 7 (esta sexta-feira) a 9 (este domingo), o gnration festeja os seus oito anos de atividade com um programa extenso, que inclui um concerto presencial do guitarrista Tó Trips a tocar a banda sonora do filme “Surdina”, de Rodrigo Areias (pode ser ouvida aqui) e várias propostas com transmissão online, como as parcerias da banda Ermo com Jonathan Uliel Saldanha, de Susana Santos Silva com Inês d’Orey e de João Pais Filipe com Pedro Melo Alves e Rodrigo Areias, entre outras.

Há ainda concertos dos The Gift no Fórum Altice (dia 14), da banda Paraguaii no Theatro Circo (22) e do “space quartet” de Rafael Toral no gnration (22) mas ficam sobretudo duas sugestões obrigatórias que infelizmente coincidem na data: a 29 de maio o cantor e membro dos Efterklang Casper Clausen apresenta ao vivo as canções do seu disco de estreia a solo (gravado em Portugal), Better Way, e B Fachada toca ao vivo as canções do seu último disco Rapazes e Raposas, além de outros temas anteriores do seu já longo e profícuo percurso na música portuguesa.

Bragança

Em Bragança, destaca-se a 27 de maio o concerto no Teatro Municipal da cidade da banda Clã, que já com mais de duas décadas de atividade e sucesso continua a encontrar, moldar e revelar canções tão boas quanto as novas “Sinais”, “Armário” e “Tudo no Amor”, incluídas no último disco de originais do grupo — Véspera, editado em 2020.

Caldas da Rainha

Também nas Caldas da Rainha será possível assistir a bons concertos nas próximas semanas. Um dos primeiros que valerá a pena ver está agendado para o dia 21, uma sexta-feira, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha. Nesse dia, sobe ao palco o flautista e saxofonista Rão Kyao, que tem um longo percurso na música portuguesa, tendo tido notoriedade quer em latitudes mais jazzísticas quer em sonoridades mais devedoras da tradição portuguesa e dos ritmos da música popular indiana. Rão Kyao apresentar-se-á na companhia de António Lago Pinto (viola clássica e braguesa), Renato Júnior (teclados e acórdeão) e Ruca Rebordão (percussões), para um espetáculo intitulado “Gnomos e Duendes” — que promete ser uma viagem mística e musical pelo Oriente e por mundos desconhecidos, com a flauta de bambu de Rão Kyao a comandar a interpretação de ragas indianas.

Seis dias depois — na quinta-feira, 27 —, o mesmo Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha acolhe um concerto de Jorge Palma. Também ele, um dos mais importantes escritores de canções em língua portuguesa, dispensa apresentações.

Jorge Palma: “Tenho desafiado a morte de uma forma completamente louca”

Castelo Branco

Em Castelo Branco, o grande palco de concertos será o Cine-Teatro Avenida. A 15 de maio, um sábado, atua nesta sala a personagem do rap Chico da Tina, rapaz que pega nas fórmulas e convenções da música trap — o sub-género hedonista, festivo e habitualmente vaidosão do hip-hop — e enaltece os seus colares de ouro e conquistas que vão desde “não enviar o NIB” a fazer alheia e manjar uma cabidela, ir às Feiras Novas de Ponte de Lima, beber vinho verde tinto, jogar suecadas, usar pijamas da Louis Vitton, comer rissóis de leitão e beber bagaço frio com mel.

A 21 de maio, o Cine-Teatro Avenida recebe a banda de metal Moonspell, um dos grupos portugueses de maior sucesso internacional e que aproveitará para mostrar algumas das canções incluídas no novo disco Hermitage. Já a 29 de maio há um concerto absolutamente a não perder: o fadista Camané e o pianista Mário Laginha voltarão a mostrar que a solenidade, os silêncios e a sobriedade e elegância do som do piano assentam bem no fado, algo que têm vindo a provar em palcos nacionais e que também deixaram evidenciado no disco conjunto Aqui Está-se Sossegado (2019).

Coimbra

Em Coimbra, um dos concertos mais recomendáveis está agendado para dia 13 — isto é, para a próxima quinta-feira. No Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), o cantor e compositor Valter Lobo vai apresentar ao vivo as canções de Primeira Parte de um Assalto, disco que só editará no início de junho. O álbum sucede ao EP (ou mini-álbum) Inverno e ao disco Mediterrâneo (2016), que o confirmou em definitivo como um dos novos valores consolidados da escrita de canções em português. Para outras propostas, pode ser interessante descobrir a sonoridade jazzística de Filipe Teixeira Trio no Salão Brazil (concerto agendado para o dia seguinte, 14), as canções da banda Birds Are Indie (a 28 de maio no TAGV) e o universo musical de Rita Braga (28 de maio no Salão Brazil).

Espinho

A programação do Auditório de Espinho para maio faz salivar. A 14 de maio, uma sexta-feira, o pianista galego Abe Rábade — que participou nas gravações do próximo álbum de Salvador Sobral — vai dar um concerto acompanhado pela Orquestra de Jazz de Espinho. No dia seguinte (sábado, 15), o saxofonista Ricardo Toscano interpretará o clássico A Love Supreme, de John Coltrane, com o seu quarteto habitual — Toscano no saxofone, João Pedro Coelho no piano, Romeu Tristão no contrabaixo e João Pereira na bateria. E na semana seguinte, sexta-feira, dia 21, a banda de rock Mão Morta ficou encarregue de um filme-concerto em que tocará música para acompanhar “A Casa na Praça Trubnaia”, filme de 1928 do cineasta russo Boris Barnet. A banda de Adolfo Luxúria Canibal, que se apresentará no seu formato reduzido de trio — com Miguel Pedro e António Rafael — vai mostrar ao vivo a banda sonora que compôs para o filme.

Estarreja

Também em Estarreja a programação de concertos para maio está apelativa, graças ao cine-teatro local. Por este palco passarão já esta sexta-feira, dia 7, a cantora e compositora Márcia, a 20 de maio a escritora de canções e intérprete Emmy Curl e a 28 de maio uma das sensações da música lusófona e da música portuguesa dos anos recentes, Dino D’Santiago, que levará a Estarreja canções de discos como Kriola (2020), Mundu Nôbu (2018) e do EP Sotavento (2019).

Dino D’Santiago. “A injustiça no mundo, essa sim é a grande epidemia”

Faro

Nesta cidade algarvia, o destaque do Observador vai para dois concertos programadas pelo Teatro das Figuras. Na próxima sexta-feira, 14 de maio, o músico português Noiserv (David Santos) , mostrará ao vivo as suas novas canções escritas em português e incluídas no disco Uma Palavra Começada por N (2020), que também pelo idioma se diferenciam dos temas de Everything Should Be Perfect Even If No One’s There (2014) e Almost Visible Orchestra (2013), dois dos seus mais impactantes discos.

Já a 29 de maio, o Teatro das Figuras acolhe um concerto de uma das grandes vozes novas da música espanhola e do flamenco, María José Llergo, que teve outras atuações agendadas em Portugal que ficaram sem efeito devido à pandemia da Covid-19 — no festival NOS Primavera Sound, no Porto, e no Theatro Circo, em Braga. A coleção de canções Sanación, em 2020, revelou-a como uma das grandes promessas da música europeia e esta pode ser uma oportunidade para ver um concerto da cantora espanhola antes de María José Llergo começar a pisar palcos maiores fora de Espanha.

Guimarães

Tal como em Braga, também em Guimarães a programação de concertos promete em maio. O Centro Cultural Vila Flor (CCVF) anunciou já, respetivamente para os dias 21 e 27 de maio, concertos do produtor de canções e música de dança Branko (ex-Buraka Som Sistema), que há duas semanas publicou na íntegra um DJ set gravado na cidade, mais concretamente na Montanha da Pena, e da banda portuguesa de rock e pós-rock Indignu.

Já o Centro Internacional das Artes José de Guimarães será o palco, a 21 de maio, de um concerto da cantora e compositora moçambicana Selma Uamusse. Há muito residente em Portugal, Selma Uamusse chegou a fazer parte de projetos musicais como os Wraygunn e os Gospel Collective mas a solo tem-se afastado da soul, dos blues e do gospel norte-americanos, procurando ancorar mais a sua música nas suas raízes geográficas. Nos últimos anos, lançou discos como Liwoningo (2020) e Mati (2018), tendo ainda cantado no tema recém-revelado por Moullinex “Ngoma Nwana”.

Ílhavo

Em Ílhavo vai ouvir-se (bom) jazz este mês. No dia 28, uma sexta-feira, a Casa da Cultura recebe um concerto dos Lan Trio, grupo formado pelo pianista Mário Laginha, pelo saxofonista Julian Arguelles e pelo percussionista Helge Norbakken. Esta espécie de super-trio do jazz europeu deverá apresentar os temas do disco Setembro, editado em 2017, e Atlântico, editado em 2020.

Leiria

Tal como em Ílhavo, também em Leiria vai ouvir-se jazz. Este sábado, dia 8, o saxofonista Desidério Lázaro vai dar um concerto no Teatro José Lúcio Silva. A atuação acontece na sequência da edição este ano do disco Stilness In Time, uma colaboração com o pianista Daniel Bernardes que sucede a álbuns como Homegrown (2019) e Moving (2018) e que volta a confirmar que Lázaro é hoje um dos músicos em maior destaque do jazz feito e tocado em Portugal. Na semana seguinte, dias 15 e 16, os cantores e compositores Tiago Nacarato e Bárbara Tinoco apresentam-se em dose dupla para concertos conjuntos. E a 21 de maio David Fonseca apresenta Closer, um espectáculo ao vivo de canções que cruza som e imagem.

Marinha Grande

Também na Marinha Grande está agendado um concerto que valerá a pena ver em maio: a cantora Cristina Branco levará ao Teatro Stephens, no dia 29, o seu quarteto habitual de concertos — Cristina Branco na voz, Bernardo Couto na guitarra portuguesa, Bernardo Moreira no contrabaixo e Luís Figueiredo no piano —  para uma atuação em que apresentará as canções de Eva, um disco muito pessoal (editado em 2020) que sucede a Branco (2018) e Menina (2016), os dois álbuns que evidenciavam um afastamento face à estética do fado e uma aproximação à canção popular urbana e contemporânea, sofisticada e elegante nos arranjos.

Oliveira do Bairro

No Quartel das Artes de Oliveira do Bairro, o dia 28 será de concerto da brasileira — a morar em Portugal — Tainá, que levará as canções pop delicadas e cuidadas do disco homónimo (Tainá), editado em 2019. Uma semana antes, dia 21, atua na mesma sala a banda Quinta do Bill acompanhada pela União Filarmónica do Troviscal.

Ovar

Em maio, o Centro de Artes de Ovar receberá alguns concertos a ter em conta. Por exemplo, do guitarrista dos Dead Combo Tó Trips, que apresentará a solo no dia 13 os temas que compôs para a banda sonora do filme “Surdina”, de Rodrigo Areias, e também dos históricos do rock português UHF, que têm concerto agendado para dia 21.

Ponte de Lima

Também em Ponte de Lima não faltarão concertos para ver. No dia 15 sobe ao palco do Teatro Diogo Bernardes o músico português Flak, que fez parte dos Rádio Macau e dos Micro Audio Waves e que se reinventou recentemente a solo com os discos Nada Escrito (2015) e sobretudo Cidade Fantástica (2018). Uma semana depois, dia 22, a mesma sala de espectáculos recebe uma atuação de Miramar, duo composto pelos guitarristas Frankie Chavez e Peixe e que em 2019 editou um bem conseguido álbum homónimo. A terminar, dia 29, a cantora Marta Hugon também levará as suas canções ao Teatro Diogo Bernardes.

Santarém

A 14 de maio, o Teatro Sá da Bandeira de Santarém receberá um concerto da cantora e compositora portuguesa Sara Tavares, que já com um longo historial na música portuguesa reinventou-se nos últimos anos com um disco intitulado Fitxadu e editado em 2017. Canções como “Ginga”, “Brincar de Casamento” (uma colaboração com Toty Sa’Med), “Ter Peito e Espaço” e sobretudo “Coisas Bunitas” — incluídas nesse álbum — atestam bem a nova sonoridade de Sara Tavares, recordando-nos que é uma das autores mais importantes da lusofonia.

Setúbal

Em maio o jazz chega com força à Casa da Cultura de Setúbal. A 14 de maio, o saxofonista e improvisador de free-jazz Rodrigo Amado apresentará Refraction, projeto musical pensado integralmente a solo. Já para o final do mês, mais concretamente para o dia 29, está agendado um concerto do novo trio liderado pela pianista Paula Sousa, que conta com o contrabaixista André Rosinha e com a cantora Beatriz Nunes. No campeonato pop, ali perto, em Sesimbra, Pedro Abrunhosa tem concerto marcado para o dia 29 no Cine-Teatro Municipal João Mota. E o guitarrista João Morais, mais conhecido pelo nome artístico que deu ao seu projeto musical — O Gajo — atuará já esta sexta-feira, dia 7, no Cinema Charlot – Auditório Municipal.

Tomar

Em Tomar, o destaque no mês de maio para o concerto agendado para o dia 14 no Cine-Teatro Paraíso: a cantora e compositora Luísa Sobral, vencedora do Festival da Canção pela criação do tema “Amar Pelos Dois” e com uma longa carreira na música portuguesa, deverá apresentar as canções que editou em discos como os recentes Rosa (2018) e Luísa (2016), podendo ainda passar pelo repertório mais antigo de Lu-Pu-I-Pi-Sa-Pa (2014), There’s a Flower In My Bedroom (2013) e The Cherry On My Cake (2011).

Torres Vedras

O município de Torres Vedras mantém, nos próximos meses, a programação robusta de concertos que tem sido apanágio do Teatro-Cine nos últimos anos. O grande destaque de maio vai para a atuação dos Fado Bicha, projeto musical de intervenção social de Lila Fadista (voz) e João Caçador (guitarra elétrica e outros instrumentos) que procura usar as canções e a música como ferramentas de combate pelo direito à diversidade de género e de orientação sexual.

Vila Real

Outro dos municípios cuja programação musical é habitualmente muito recomendável é Vila Real. O teatro local — Teatro de Vila Real — vai acolher em maio concertos da rapper e cantora portuense Capicua, que apresentará no dia 12 as canções do seu último álbum Madrepérola (editado em 2020), do duo de guitarras Miramar (Frankie Chavez e Peixe) no dia 14 e do cantor e compositor Samuel Úria no dia 28. O bardo de Tondela, que tem concertos inteiramente a solo agendados para estes dias, voltará a atuar com a sua banda completa no Teatro de Vila Real. A formação inclui, além de Samuel Úria nas guitarras e na voz, Jónatas Pires nas guitarras, no harmónio indiano e nas segundas vozes, Silas Ferreira nos teclados, sampler, percussão, oboé e segundas vozes, António Quintino no baixo e nas segundas vozes e Tiago Ramos na bateria, glockenspiel e segundas vozes.

Viseu

No Teatro Viriato, em Viseu, o destaque de concertos em maio vai para uma atuação do cantor e compositor português B Fachada. Em palco, o português deverá apresentar não apenas as canções do seu último álbum Rapazes e Raposas como temas mais antigos de uma carreira que conta já com vários discos, como O Fim (2012), Criôlo (2012), B Fachada (2011) e B Fachada (2009), entre vários outros.