A mudança do quadro competitivo do andebol, também pelo ano mais carregado que a Seleção Nacional teria (e teve, com grande sucesso) entre Mundial, qualificação olímpica, apuramento para o Europeu e Jogos de Tóquio, e a (in)capacidade das equipas para montarem um plantel competitivo numa temporada marcada pelos efeitos da pandemia resumiu praticamente a discussão do título aos dérbis e clássicos entre o FC Porto, o Sporting e o Benfica e as possíveis janelas de surpresa que se abrissem sobretudo nos jogos de fora. Como esses resultados “atípicos” não apareceram, andava tudo à volta de seis jogos. E com uma vantagem grande para os dragões.

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Após ganhar por seis golos no Pavilhão João Rocha por seis golos (33-27) e no Dragão Arena frente ao Benfica por dois golos (27-25), beneficiando do triunfo do Sporting diante dos encarnados em casa (31-29), o FC Porto podia praticamente sentenciar o título com uma vitória na receção aos leões. E foi mesmo isso que aconteceu, com os azuis e brancos a mostrarem o porquê de serem campeões com uma fantástica recuperação no final depois de ter estado a perder por cinco golos no segundo tempo que valeu uma vitória por 33-30.

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Depois de quatro ataques falhados pelos dois conjuntos, Rui Silva inaugurou o marcador à passagem do segundo minuto e colocou o FC Porto numa posição favorável que se iria prolongar quase até meio da primeira parte, aproveitando também da melhor forma as superioridades numéricas para ter vantagens de dois golos enquanto Pedro Valdés tentava ligar os leões ao jogo com remates de primeira linha. Depois, no seguimento de um parcial de 3-0, o Sporting conseguiu a primeira vantagem no encontro, partindo a partir daí para uma exibição mais segura e que foi conseguido esfumar o favoritismo teórico que recaía para o lado dos azuis e brancos.

Mitrevski, com uma série de intervenções que permitiram por exemplo que os dragões colassem a um empate a dez no 20.º minuto, ainda foi segurando os campeões mas a equipa de Magnus Andersson estava numa tarde de clara desinspiração, quer pelos erros na defesa 6:0, quer sobretudo pelos problemas ofensivos, fossem eles falta de eficácia ou incapacidade de atacar de forma organizada. E foi assim que o intervalo chegou com o Sporting na frente por 17-14, após o sexto golo de Pedro Valdés numa jogada preparada após desconto de tempo de Rui Silva que acabou com mais um remate de primeira linha do cubano perante a passividade dos portistas.

No segundo tempo, quando se esperava desde início uma reação forte dos visitados, foram os leões mais uma vez a conseguirem uma entrada melhor, chegando mesmo a uma vantagem de cinco golos que começava a colocar o jogo numa posição perigosa para os azuis e brancos, que deixaram sinais de melhoria nos minutos seguintes sobretudo com um aumento da agressividade defensiva que dava depois ataques rápidos e que permitiram colocar mais um vez o jogo em diferenças de dois/três golos à entrada para os 15 minutos finais. Aí, Mitrevski tornou-se decisivo a fechar a baliza, António Areia continuou letal (11 golos, mais um do que Valdés) e o FC Porto secou o ataque do Sporting, partindo para uma recuperação fantástica que deu uma vitória por 33-30.

Apesar de faltarem ainda quatro jornadas, incluindo uma deslocação à Luz, o FC Porto é praticamente campeão e as contas ficaram quase impossíveis para o Sporting. Ainda assim, e como há valores maiores do que um jogo ou o desporto, o final ficou marcado pela entrega de uma placa de homenagem a Alfredo Quintana de Pedro Valdés a Victor Iturriza e Daymaro Salina, num momento aplaudido por todos os presentes.