O atual presidente socialista da Câmara do Porto Moniz, que conseguiu conquistar o município em 2013 depois de 20 anos na oposição, recandidata-se para “pôr a cereja no topo do bolo” do projeto implementado nos últimos dois mandatos.

“Quando, em 2013, a população do Porto Moniz achou por bem dar a oportunidade a que eu há 20 anos me tinha predisposto, não fazia sentido, ao concluir o segundo mandato, abandonar, quando tenho a possibilidade, juntamente com a minha equipa, de continuar o trabalhar durante mais quatro anos para podermos pôr a cereja no topo do bolo”, declarou Emanuel Câmara à agência Lusa.

O autarca recordou que foi “candidato sucessivamente durante 20 anos, na oposição, não ganhando a câmara, mas conquistando freguesias e impondo a marca do PS no concelho e no norte da ilha da Madeira”.

O cabeça de lista socialista, com 60 anos, técnico da administração tributária, elegeu a ideia de “as pessoas primeiro” como a sua principal bandeira de atuação. Por isso, referiu, tem apostado no aprofundamento dos apoios sociais e diretos às famílias.

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Tendo em conta a elevada percentagem de população envelhecida que vive sozinha, porque tem a família emigrada, criou, por exemplo, o Gabinete de Apoio ao Idoso.

Mas, Emanuel Câmara, que foi presidente do PS/Madeira (eleito em 20 de janeiro de 2018 e depois substituído pelo atual líder, Paulo Cafôfo), já definiu as metas para o seu terceiro mandato.

O autarca defendeu que o Governo Regional (PSD/CDS-PP), que faz da “autonomia a sua bandeira, embora lhe custe muito, vai ter de conversar e respeitar o poder autárquico, mesmo os que são de cor diferente e, pelo menos, o do Porto Moniz”.

“Penso que as pessoas que estão à frente do governo desta terra não têm culpa, mas foram manias e vícios de governação que ganharam, do ‘quero, posso e mando'”, afirmou.

Também apontou ser necessário “defender o património e a água do município, criticando que sejam bens explorados pelo Governo Regional ou privados sem que os benefícios sejam derramados pela população do concelho”.

O autarca deu como exemplo a situação da Estação Zootécnica do Porto Moniz, “em que as contrapartidas para o município são poucas ou nenhumas”.

Outro dossiê que está em análise é o facto de parte do território do município ser considerada propriedade da Sociedade de Desenvolvimento do Norte, uma situação que diz ser “incompreensível” e precisa de ser esclarecida: “Não sei quem, a avó ou avô das sociedades de desenvolvimento herdaram aquelas áreas”, ironizou.

A sua equipa, indicou, tem também preocupações ambientais desde que começou a governar e encontrou despejos de lixos e ‘monstros’ na floresta Laurissilva, pelo que decidiu “criar um centro de tratamento de resíduos na zona alta do Porto Moniz, cujo concurso finalmente foi aprovado”.

Outro assunto que vai merecer a sua atenção é a gestão dos fundos comunitários, algo que, anunciou, “vai ser dirimido não só nas instituições como no foro judicial”, porque considera que o Porto Moniz tem sido prejudicado na atribuição de apoios devido “à leviandade das pessoas que ocupam lugares na gestão” destas ajudas.

“Portanto, há aqui muita coisa que tem de ser clarificada rapidamente e eu, que fui um homem do futebol, nesta fase do campeonato, não podia deixar o jogo correr. Como me meti nesta ‘guerra’, neste combate, não podia abandonar as pessoas do Porto Moniz”, sublinhou.

O executivo municipal é composto por cinco elementos, sendo quatro do PS e um do PSD (sem pelouro).

Este concelho situado no norte da ilha da Madeira tem uma superfície de 80,4 quilómetros quadrados é composto por quatro freguesias: Porto Moniz, Achadas da Cruz, Ribeira da Janela e Seixal. Conta com 2.711 residentes (Censos 2011).

Neste concelho está também confirmada a candidatura de Marco António Gonçalves (PSD/CDS-PP).

A data das eleições autárquicas ainda não foi anunciada, mas por lei têm de realizar-se em setembro ou outubro.