Um vídeo do TikTok pode ser a chave para um desaparecimento que está por resolver há quase duas décadas. Uma jovem de 22 anos, sentada numa praça em Culican, a capital do estado mexicano de Sinaloa, é entrevistada por uma personalidade do TikTok. Conta que tem 22 anos e não gosta de celebrar o seu aniversário. Porquê? Porque, explica, algumas pessoas dizem-lhe que foi sequestrada um dia antes do seu quinto aniversário. Agora, a polícia está a investigar se a mulher do vídeo pode ser Sofia Juarez, uma menina que desapareceu em Kennewick, uma cidade no estado norte-americano de Washington, a 4 de fevereiro de 2003 — dias antes do seu quinto aniversário.

@akayalla

¿Será de aká o será de allá? ????#culturageneral #preguntas #culiacan #sinaloa #viral

♬ sonido original - Aká y Allá

Depois de ver este vídeo, vários utilizadores do TikTok contactaram a polícia de Kennewick que agora está a investigar as novas potenciais pistas. “Estamos cientes do vídeo do TikTok. Estamos a conduzir uma investigação sobre o vídeo. Obrigado a todos aqueles que nos enviaram informações. Estamos gratos por isso”, informou a polícia em comunicado publicado no final de abril. Num novo comunicado, de 5 de maio, a polícia detalhou que mais de 75 pessoas ligaram a deixaram dicas no site no último mês. “Continuamos a investigar o vídeo do TikTok”, lê-se nessa segunda atualização.

O investigador especial Al Wehner revelou à CNN que a polícia de Kennewick já entrou em contacto com a pessoa que entrevistou a mulher no vídeo. “Ele está a ajudar-nos a tentar localizar a mulher em Culican”, disse Al Wehner, considerando que “existem algumas semelhanças muito óbvias” entre a mulher do TikTok e a menina desaparecida há 18 anos. Caso a polícia consiga chegar à jovem entrevistada, o objetivo é pedir-lhe para fazer um teste de ADN para comparar com o perfil de Sofia Juarez que recolheram na altura e que têm em arquivo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Algumas pessoas que se apresentam como familiares da mulher entrevistada entraram em contacto com o TikTok para garantir que não se trata de Sofia Juarez e para pedir que esta rede social retira o vídeo, adiantou Al Wehner.

Nova testemunha identificada. Polícia procura carrinha vista na altura do desaparecimento

Na sequência das dicas que a polícia recebeu de mais de 75 pessoas, os investigadores identificaram uma testemunha “altamente confiável” que lhes disse que viu uma criança com uma aparência correspondente à da menina de quatro anos, no local e no período de tempo do desaparecimento. A testemunha explicou à polícia que viu uma pessoa a aproximar-se da criança e a levá-la enquanto ela chorava. “A polícia tem uma descrição detalhada dessa pessoa, mas a está a guardar a informação neste momento para fins de investigação”, lê-se no site da polícia.

A polícia está também a procurar uma carrinha azul clara ou cinzenta, do final dos anos 70 ou início dos anos 80, sem janelas laterais, que foi vista parada numa rua lateral ao local onde Sofia Juarez desapareceu. “A polícia tem um alto grau de interesse nessa carrinha”, lê-se no site.

Sofia Juarez desapareceu no dia 4 de fevereiro de 2003 quando caminhava na rua perto da sua casa em Kennewick (Imagem divulgada pela polícia)

Sofia Juarez desapareceu no dia 4 de fevereiro de 2003 quando caminhava na rua perto da sua casa em Kennewick, onde nasceu e cresceu. Vivia com a mãe, avó e vários tios, segundo explica a polícia no área do seu site dedicada ao desaparecimento. “Sofia era uma típica jovem que gostava de desenhos animados, brincar com bonecas Barbie e pintar. Era tímida por natureza e não tinha tendência para andar na rua sozinha. Estava muito animada com seu aniversário que se aproximava”, lê-se na página da polícia.

A mãe de Sofia Juarez morreu em 2009, sem saber o que tinha acontecido à filha, mas a polícia mantém contacto com outros familiares, segundo adiantou Al Wehner à CNN.

Sofia era um farol que viu uma vida brilhante e inocente a ser-lhe roubada. A sua família, amigos e comunidade vivem debaixo de uma nuvem negra desde que ele lhes foi retirada. A Sofia era, e ainda é, amada por todos que a conheciam. A Sofia nunca será esquecida “, escreve ainda a polícia no seu site.

A polícia chegou ao bairro onde a menina de quatro anos vivia três minutos depois do alerta. Imediatamente começaram buscas que envolveram mais de 500 polícias. Bairros vizinhos, terrenos remotos, rios e esgotos foram passados a pente fino. A polícia recorreu até a helicópteros para fazer buscas aéreas. Mas Sofia nunca foi encontrada.