Recorda-se do SSC Tuatara que reclamou o estatuto de hiperdesportivo de produção em série mais rápido do mundo, ao atingir 508 km/h? O recorde, alegadamente atingido em Outubro do ano passado, foi rapidamente questionado nas redes sociais, tanto mais que punha em xeque (respeitadas) marcas, como a francesa Bugatti e a sueca Koenigsegg.

SSC Tuatara. Polémico recorde vai ser repetido (com testemunhas)

Depois da polémica, a Shelby Supercars (SSC) não mais desistiu de provar a superioridade do seu coupé inteiramente em carbono e equipado um V8 biturbo de 5,9 litros, desenvolvido pela Nelson Racing Engines, que fornece 1775 cv quando movido a E85 (combustível com 85% de etanol e 15% de gasolina) e 1370 cv com gasolina de 91 octanas. E terá mesmo conseguido, em Janeiro deste ano, validar o poder de aceleração do modelo, na pista de testes Johnny Bohmer no Kennedy Space Center, Florida (EUA). Sucede que os testes de velocidade prosseguiram e sabe-se agora que, na madrugada do passado dia 13 de Abril, de novo na estrada a caminho da pista, o hipercarro de Larry Caplin (a unidade 001, que tem sido usada desde o início desta “caça” ao recorde) sofreu danos devido ao vento. Não pelos motivos que originalmente seria de supor.

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Vencer a resistência ao vento a partir de uma certa velocidade é dos maiores desafios aos superdesportivos que pretendem ser dignos desse nome, pois isso pode não ser problema até 200 km/h, mas a partir dos 300 km/h o caso muda de figura e, muito mais, quando a meta é superar a fasquia dos 500 km/h, como é o caso em concreto. Porém, o Tuatara não fez frente aos ventos fortes que fustigaram Brigham City porque seguia num camião e foi o trailer do pesado que se virou nessa cidade do estado norte-americano de Utah.

O acidente, que só agora foi tornado público, infligiu apenas danos ligeiros na Tuatara, avançou a Shelby. No entanto, por aquilo que as imagens dão a ver, há vários painéis e componentes a precisarem de ser substituídos para devolver ao superdesportivo a sua imagem agressiva e não esta, evidentemente martirizada.

Car Carrier Flipped In a Wind Storm Had a Rare SSC Tuatara Hypercar Inside. Oh, The Damage. from The Drive on Vimeo.

Não houve quaisquer indicações por parte da empresa acerca do motor, desconhecendo-se se este foi ou não comprometido. Mas a marca liderada por Jerod Shelby garantiu à The Drive que “felizmente, o chassi, a transmissão e a suspensão” escaparam ilesos.

Recorde-se que depois do polémico recorde, o hipercarro norte-americano fixou uma nova marca na pista do Kennedy Space Center. Porém, como a pista é mais curta do que a estrada do Nevada onde terá atingido uma média de 508 km/h em duas passagens (ida e volta), a Shelby continua a trabalhar para conseguir demonstrar todo o potencial do carro.

Em Janeiro, o Tuatara alcançou a fasquia em 455,3 km/h. Melhor, portanto, que os 447,2 km/h do Koenigsegg Agera RS, que é o detentor do recorde desde 2017. Mas não só o resultado está pendente da homologação final do modelo norte-americano, como a SSC acredita que é possível fazer melhor. A marca entende que o facto de a pista na Florida ter uma extensão inferior ao trecho da Route 160, no Nevada, que na altura foi interditada ao trânsito para a tentativa de bater o recorde, impede o Tuatara de tirar o máximo proveito dos seus cavalos, que têm menos 4 a 5 milhas (6,4 a 8 km) para galgar desenfreadamente. Com a agravante de que a recta também é mais pequena (3 milhas/4,8 km), o que deixa o Tuatara apenas com 2,3 milhas (4,3 km) para acelerar e 0,7 (1,1 km) para travar. A transmissão foi ajustada, para relações mais curtas, mas entre os 455,3 km/h que aguardam validação oficial e os 508 km/h que foram contestados, a marca norte-americana ainda sonha com um recorde algures no meio – 480 km/h é o objectivo que vai ficar em suspenso, pelo menos até que o veículo seja reparado. Jerod Shelby sublinha que o inesperado episódio só afectará o timing, nada mais.