O clube AD Sanjoanense acusou este domingo de racismo o árbitro do jogo que opôs o conjunto de São João da Madeira ao S. João Ver. Segundo o Sanjoanense, após o jogo da fase de acesso à nova Liga 3 — uma divisão intermédia entre a 2ª Liga e o Campeonato de Portugal — e após ter sido abordado pelo jogador George Matlou, o árbitro Nélson Cunha ter-lhe-á dito: “Vai lá para dentro macaquinho do c…”.

O árbitro negará ter proferido as palavras.

A AD Sanjoanense vem por este meio mostrar a sua profunda indignação e repudio para com os acontecimentos no final do jogo com o São João de Ver. (…) A AD Sanjoanense, clube eclético e quase centenário, não pode de forma alguma pactuar com esta situação e apoia incondicionalmente o jogador George Matlou, pugnando pelo apuramento dos factos e penalização exemplar do referido juiz”, refere o comunicado do clube publicado no Facebook.

O delegado da AD Sanjoanense destacado para o jogo, Paulo Soares, contou ao jornal desportivo O Jogo esta mesma versão dos acontecimentos: “No final da partida cheguei ao balneário e vi o nosso jogador George visivelmente alterado. Perguntei-lhe o que se passava e ele, em português, disse-me que tinha ido perguntar ao árbitro o porquê de ter sido expulso nos minutos finais do encontro, ao que este lhe respondeu: ‘no speak english’ [não falo inglês]. Vai lá para dentro, macaquinho do c…”..

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George Matlou, jogador sul-africano de 22 anos que chegou a Portugal no início da última época (2019/2020) para jogar na AD Sanjoanense — vindo do clube Cape Umoya United —, terá sido expulso no decorrer da partida e foi já depois do fim do jogo que se terá aproximado do árbitro. É nesse momento que queixa-se de ter sido alvo das palavras racistas: “Vai lá para dentro macaquinho do c…”.

Na sua conta de Instagram, o jogador publicou uma mensagem indignada: “Que vergonha ouvir o árbitro chamar-me macaco. Sim, os meus pais são negros. [daqui em diante em maiúsculas] Apoio todas as lutas contra o racismo. Somos todos iguais”.

O presidente do Conselho de Arbitragem de Viana do Castelo, Fernando Costa Lima, disse ao Jornal de Notícias que o árbitro Nélson Cunha contesta a versão dos acontecimentos apresentada pelo jogador, garantindo que não proferiu essas palavras. “A comandante da GNR é a única testemunha ocular. Ele não proferiu qualquer insulto racista e ficou perplexo por o jogador ter inventado essa história”, afirmou o dirigente depois de ter contactado com Néslon Cunha.