O líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, propôs esta terça-feira avançar com um “acordo de salvação nacional” entre as “forças democráticas” e o Governo de Nicolás Maduro que inclua um calendário para eleições livres e levantamento progressivo das sanções internacionais.

A gravidade da crise, os nossos aliados, a comunidade internacional e o que construímos ao longo dos anos dizem-nos que devemos chegar a um acordo para salvar a Venezuela. Não a qualquer acordo ou negociação que mantenha igual o que hoje está (…) ou que troque espelhos por alguns encargos”, disse.

A proposta foi feita através de um vídeo, divulgado em Caracas, em que começa por dizer que o país “vive a pior crise” da sua história e que o momento atual “necessita de seriedade, empatia por quem mais sofre, ação ligada aos princípios e buscar ações realistas e viáveis”.

Estamos a usar todos os mecanismos e capacidades que dependem de nós, mas ainda temos que atingir o objetivo fundamental de recuperar a nossa democracia”, afirma.

Segundo Guaidó “a Venezuela precisa de um acordo de salvação nacional” que “entre as forças democráticas representadas pelo governo interino, a Assembleia Nacional e a plataforma unitária, os atores que constituem e sustentam o regime e a comunidade internacional, especialmente as potências internacionais”.

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Propomos um acordo que inclua, a convocação de um calendário de eleições livres e justas: presidenciais, parlamentares, regionais e municipais com observação e apoio internacional”, explica.

O acordo, explicou, deve ainda incluir “a entrada maciça de ajuda humanitária e vacinas contra a Covid-19; garantias para todos os atores das forças democráticas e também do ‘chavismo’, com mecanismos para a reinstitucionalização da Venezuela”.

Também a libertação dos presos políticos, o regresso dos exilados, “justiça de transição”,  o compromisso da comunidade internacional para a recuperação e “oferecer incentivos ao regime, incluindo o levantamento progressivo das sanções, condicionado ao cumprimento dos objetivos fundamentais do acordo”.

Guaidó diz que “ninguém confia na ‘ditadura'” e que é preciso “maior pressão nacional e internacional” para garantir um processo que inclua as garantias, mas também “mecanismos para prestação de contas” se o regime “tentar de novo evadir uma solução negociada.”

 A ditadura espera continuar criando negociações paralelas e parciais para dar supostas concessões, dividir a oposição e diminuir a pressão internacional, como já fez no passado (…) convocando eleições regionais e municipais, sugerindo-nos um falso dilema com um Conselho Nacional Eleitoral imposto, que não reconhecemos e que hoje controla”, afirma.

Segundo Guaidó “proteger e resgatar espaços é muito importante, mas sem cair nas mentiras do regime” e enquanto não houver uma pressão real e negociada com a comunidade internacional “a ditadura continuará a roubar eleições, nomeando protetores e zombando dos venezuelanos”.

Por outro lado, afirma que o caminho da “soberbia” escolhido pelo regime “só aprofundará a crise, o isolamento internacional, as acusações de terrorismo, tráfico de drogas, violações dos direitos humanos, denúncias de crimes contra a humanidade”.

“Todas as saídas, em qualquer horizonte temporal ou que terminam com força, conduzem inevitavelmente a um acordo e a uma eleição presidencial, a questão é a que custo o faremos”, questionou, recordando os venezuelanos que emigram caminhando a pé para países vizinhos, os náufragos, os assassinados pela guerrilha e soldados sequestrados.

Diz estar na disposição de participar em qualquer mecanismo para construir uma melhor unidade e legitimar a luta opositora, mas que “conspirar com a ‘ditadura’ para se legitimar como tirania, e oposição leal a essa tirania, não conduz à liberdade, mas à submissão e à normalização da pior tragédia” que o país já viveu.

O líder opositor concluiu pedindo aos venezuelanos que ultrapassem a “censura e autocensura” e divulguem a sua mensagem.