A ministra da Agricultura considerou que a origem da crise relacionada com os migrantes que trabalham nas estufas em Odemira não são os contentores instalados para os acolher, mas sim “as aldeias, onde são alugadas casas sem condições, casas com três, quatro quartos, onde estão 40, 50 pessoas”.

Em entrevista à Visão, Maria do Céu Antunes defendeu, no entanto, que “não importa só disponibilizar habitação em condições dignas”: “Temos de ter serviços públicos, com escolas, centros de saúde, transportes, para acolher as dez mil pessoas que estão ali a trabalhar”.

Questionada sobre as condições dos 229 contentores legalizados durante 10 anos para acolher essas pessoas, a ministra garantiu à Visão que todos foram inspecionados no âmbito da resolução de Conselho de Ministros, mas que sempre houve o compromisso de serem uma solução temporária: o objetivo é recuperar casario devoluto para abrigar os migrantes.

Maria do Céu Antunes também recusou apontar o dedo aos empresários da região no que toca à crise pandémica em Odemira porque “uma árvore nunca fez a floresta”. Embora admita quue existem alguns maus exemplos, e que esses devem ser punidos, há outros “muitíssimo positivos”.

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“Sabemos que existem empresas de trabalho temporário que nos levantam reservas, mas também há empresas que oferecem as condições necessárias e têm contratos coletivos de trabalho”, respondeu a ministra à Visão, assegurando que a Autoridade para as Condições de Trabalho tem estado no terreno com a GNR a fazer inspeções.

A comunidade migrante em Odemira, que nesta altura do ano se dedica à apanha da framboesa, esteve na origem de um surto de Covid-19 que atirou duas freguesias da região para uma cerca sanitária entretanto levantada. O caso despertou o debate sobre as condições precárias de trabalho e de habitação em que estes migrantes vivem em Portugal.

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