Quando Julian Nagelsmann foi confirmado como o próximo treinador do Bayern Munique, há menos de um mês, ninguém ficou surpreendido. O técnico alemão sempre foi a alternativa óbvia a Hansi Flick, que vai seguir para a seleção da Alemanha, e a reação do próprio Nagelsmann foi quase uma confirmação de que estava à espera que o telefone tocasse. Ainda assim, sempre deixou algo muito claro: tinha o objetivo de dar o primeiro troféu de sempre ao RB Leipzig antes de fazer as malas para Munique.

“Vou deixar o RB Leipzig com um coração pesado. Tive a oportunidade de treinar uma equipa especial num clube com enormes oportunidades e as melhores condições que existem. Toda a gente, incluindo o staff que trabalha ao lado da equipa, contribuiu para que tenhamos escrito muitas histórias para os livros do clube e para que o continuemos a fazer. Tenho muito orgulho nisso. A nossa chegada às meias-finais da Liga dos Campeões foi definitivamente o ponto alto do tempo que passámos juntos. Foi um momento que nunca vou esquecer. Estamos a realizar também a melhor temporada da história do clube na Bundesliga. Queremos garantir que acabamos com o nosso melhor resultado e que também levantamos um troféu pela primeira vez. Ainda é muito cedo para me despedir e falar sobre memórias porque ainda não acabei nada aqui em Leipzig. A minha missão aqui pode acabar no verão mas vou dar tudo o que tenho até lá. Crescemos, somos uma equipa muito unida que quer finalmente ganhar um título”, disse o técnico do RB Leipzig logo depois de ser tornado público que ia rumar ao Bayern.

Oficial: Julian Nagelsmann vai ser o treinador do Bayern na próxima temporada

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Esta quinta-feira, Julian Nagelsmann tinha essa possibilidade. Na final da Taça da Alemanha, contra o Borussia Dortmund, o RB Leipzig podia juntar o primeiro troféu da história do clube ao segundo lugar da Bundesliga e começar a desenhar da melhor forma a despedida do treinador, que depois desta quinta-feira só ficava com mais dois jogos por realizar. E Emil Forsberg, o avançado sueco que é uma das figuras da equipa, não escondia que grande parte do objetivo dos jogadores passava por dar essa alegria a Nagelsmann.

“Se virem a reação que mostrámos uns dias depois de ser anunciado que ele ia sair, na meia-final da Taça contra o Werder Bremen, a forma como jogámos enquanto equipa e o quão bom está o ambiente dentro do grupo, tudo isso mostra que está tudo bem. O Julian quer ganhar e nós queremos ganhar. Lutamos por ele e ele luta por nós. E temos esse objetivo comum de ganhar a Taça. É a única coisa que importa”, explicou Forsberg.

Assim, o RB Leipzig arrancava com Sorloth e Hee-chan no ataque, apoiados por Sabitzer e Olmo de forma mais interior e Mukiele e Haidara juntos aos corredores. Do outro lado, o Borussia Dortmund tinha Haaland, Sancho e Reus na fase mais adiantada da equipa, com Dahoud, Emre Can e Jude Bellingham no meio-campo e o português Raphael Guerreiro, como habitualmente, na esquerda da defesa. No Olímpico de Berlim, a equipa de Edin Terzic abriu o marcador na primeira oportunidade que criou: Jadon Sancho apareceu na esquerda, numa transição rápida e depois de Haaland e Kagawa conduzirem o contra-ataque, e atirou um remate em arco que não deu qualquer hipótese a Gulácsi (5′).

O RB Leipzig tentou reagir à desvantagem precoce mas Haaland alargou o resultado no marcador ainda antes da meia-hora, num lance em que foi totalmente superior a Upamecano em velocidade, força e capacidade (28′). Antes do intervalo, Jadon Sancho bisou, aproveitando uma assistência de Reus num contra-ataque para tirar um defesa da frente e empurrar para dentro da baliza (45+1′), e o Borussia Dortmund terminou a primeira parte com mão e meia na Taça da Alemanha.

No arranque da segunda parte, Julian Nagelsmann fez uma dupla alteração e tirou Hee-chan e Sorloth para lançar Nkunku e Poulsen, enquanto que Thorgan Hazard entrou para o lugar de Bellingham no Dortmund. Nkunku teve desde logo uma enorme oportunidade para reduzir a desvantagem, com um remate à trave (47′), e o RB Leipzig deu desde logo a ideia de que iria tentar um autêntico milagre na segunda parte. Nagelsmann voltou a impulsionar o ataque à hora de jogo, já depois de Poulsen (56′) e Nkunku (58′) também terem tido grandes ocasiões para marcar, e colocou Forsberg, Laimer e Henrichs em campo.

Hazard teve nos pés o quarto golo do Borussia Dortmund, num lance em que falhou o alvo depois de um grande passe de Reus (66′), e o RB Leipzig acabou por conseguir reduzir a desvantagem — já depois de Forsberg ter acertado no poste (71′). Dani Olmo, com um grande remate de fora de área, encurtou as distâncias (71′) e acrescentou alguma incerteza a uma final da Taça da Alemanha que parecia, até então, decidida. A equipa de Julian Nagelsmann continuou a criar oportunidades mas o Borussia Dortmund reagiu bem ao golo sofrido e equilibrou a partida, acabando por chegar ainda ao quarto golo por intermédio de Haaland (87′) e conquistando o troféu que tinha levantado pela última vez em 2016/17.

Num jogo em que a primeira parte acabou por decidir quase tudo, Jadon Sancho e Haaland voltaram a mostrar o porquê de serem dois dos nomes mais entusiasmantes da nova geração de jogadores e estragaram o dia bonito de Julian Nagelsmann — que vai despedir-se do RB Leipzig, no final da temporada, sem ter conseguido conquistar o primeiro troféu da história do clube.