O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apelou às Forças de Defesa e Segurança (FDS) para o reforço da coordenação no combate à violência armada no norte e centro do país, defendendo o “rápido restabelecimento” da estabilidade nas duas regiões. “Urge a necessidade do reforço da ação e coordenação conjunta por forma a lograrem-se melhores resultados operativos, sem descurarem a implementação de medidas de proteção de pessoas vulneráveis que se encontram nas áreas em conflito”, exortou Nyusi.

O chefe do Estado moçambicano falava num encontro com oficiais da Polícia da República de Moçambique (PRM), por ocasião da passagem do 46.º aniversário da criação da corporação, que se assinala no próximo dia 17. Filipe Nyusi sublinhou que “os moçambicanos merecem viver em paz e segurança” devendo os membros da PRM “no ativo e mesmo na reserva aprimorar a disciplina e rigor e intensificar as ações operativas em todas as frentes”. As FDS, prosseguiu, devem empenhar-se no combate aos grupos armados que protagonizam ataques no norte do país e à chamada Junta Militar da Renamo, que atua na região centro.

Além da violência armada, o Estado moçambicano deve enfrentar os desafios da criminalidade organizada, tráfico de pessoas e de drogas, bem como os delitos económicos, incluindo o branqueamento de capitais, acrescentou. “Mostra-se premente que se prossiga a reflexão interna sobre as formas de intensificação e aperfeiçoamento da formação e especialização dos diversos profissionais para ajustá-los às novas manifestações criminais”, declarou Filipe Nyusi.

O chefe de Estado moçambicano defendeu o desenho de perfis de entrada e seleção de candidatos nos diversos ramos da polícia, centrando os parâmetros de recrutamento no “espírito de servir a pátria”. A especialização e adoção de técnicas modernas à criminalidade, continuou, também devem ser apostas das forças policiais.

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Além da prioridade no combate à violência armada, as forças policiais devem estar atentas a delitos como a desordem pública e desacato às autoridades, bem como a sinistralidade rodoviária, disse.

O norte de Moçambique é, desde 2017, alvo de ações de grupos armados que aterrorizam a província de Cabo Delgado, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano. Um ataque a Palma, junto ao projeto de gás em construção, em 24 de março, provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.

As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

Na região centro, a Junta Militar, uma dissidência armada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, é apontado pelas autoridades como responsável por ataques armados que já provocaram a morte de pelo menos 30 pessoas desde 2019 em estradas e povoações das províncias de Manica e Sofala, centro de Moçambique.

O grupo, liderado por Mariano Nhongo, rejeita o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado entre o Governo e a Renamo em agosto de 2019 e acusa o líder do principal partido da oposição, Ossufo Momade, de ter traído os ideais do seu antecessor Afonso Dhlakama, assumindo com o executivo compromissos supostamente lesivos aos interesses da organização.