Um estudo encomendado pelo associação ambientalista Transport & Environment (T&E) à Bloomberg Energy New Finance (BNEF) antecipa que os veículos ligeiros de passageiros e de mercadorias serão mais baratos que os seus rivais movidos a combustíveis fósseis dentro de seis anos. A projectada descida dos preços processar-se-á de forma gradual, começando pelos segmentos C (compactos) e D (familiares).

O trabalho conclui que, já em 2026, veículos com comprimentos entre 4 e 4,7 metros, movidos exclusivamente a bateria serão mais acessíveis do que as alternativas a gasolina ou a gasóleo. Um ano depois será a vez de também o segmento B, o dos utilitários – o mais expressivo em vendas no mercado português – beneficiar dessa vantagem que, realce-se, é prevista sem ter em consideração quaisquer apoios ou subsídios governamentais.

As projecções comunicadas pela T&E assentam no pressuposto de que, até 2030, o custo das baterias vai descer 58% face aos valores de 2020, conforme a BNEF. Sendo este o elemento que mais pesa no custo de produção de um veículo eléctrico, o estudo sublinha que de 2019 para 2020, o preço do pack de acumuladores de iões de lítio baixou em média 13%, para 137$/kWh. A consultora antecipa que, em 2024, o preço das baterias vai ficar abaixo dos 100$/kWh e que, em 2030, deverá rondar os 58$/kWh – a tal descida de 58% numa década. Em 2035, acrescenta a mesma fonte, o preço médio do pack deverá apontar aos 45$/kWh, o que significa que uma bateria de 100 kWh, nessa altura, será 9200$ mais barata – uma queda de 67% em comparação com 2020.

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Outro dos factores que contribuirá para que os veículos eléctricos fiquem, pelo menos, em paridade com os que montam motores térmicos reside na adopção de plataformas dedicadas, como a MEB do Grupo Volkswagen ou a E-GMP da Hyundai-Kia. Embora as arquitecturas específicas para acomodar baterias exijam um maior investimento inicial, a previsão é que os construtores de automóveis vão optar por linhas de produção exclusivamente para veículos eléctricos, o que contribuirá para baixar os respectivos custos de produção e, por tabela, os preços de venda ao público.

O estudo da BNEF prevê igualmente que os pequenos furgões ligeiros a bateria vão ser mais baratos do que os diesel a partir de 2025.

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Apesar destas projecções, a T&E continua a insistir na necessidade de apertar ainda mais o limite de emissões, ao longo da década, “inclusivamente com um novo limite para 2027”.  Defende a associação que, de outra forma, a meta da descarbonização fica comprometida. “Se o desenvolvimento dos veículos eléctricos a bateria for deixado a cargo do mercado, sem que se adoptem políticas adicionais, eles só atingirão 85% de quota de mercado na União Europeia (UE) em 2035”, refere.

Recorde-se que, no passado mês de Abril, 27 grandes companhias europeias pediram aos legisladores da UE para acabar com a venda de veículos ligeiros equipados com motores de combustão em 2035. Até ao momento, sete construtores de automóveis e 10 países europeus anunciaram planos para pôr fim aos carros convencionais.

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Mas como a nova norma Euro 7 no horizonte – a ser revista em Junho – vai encarecer a produção de veículos movidos a combustíveis fósseis, por exigir a implementação de sistemas antipoluição para garantir gases de escape muito mais “limpos”, é expectável que mais fabricantes e mais países sigam o mesmo rumo. Inclusivamente do outro lado do Atântico, nos EUA, pois Joe Biden pretende acelerar a transição para soluções de mobilidade mais amigas do ambiente.