O ministro do Ambiente e da Ação Climática revelou esta segunda-feira que o Governo vai lançar em setembro um novo leilão solar, específico para “o espelho de água das albufeiras“, com um total de “até 500 megawatts” (MW).

Em setembro, cá teremos o terceiro leilão [solar], agora para o espelho de água das albufeiras“, disse esta segunda-feira o ministro João Pedro Matos Fernandes, numa cerimónia no concelho de Arraiolos, no distrito de Évora. Segundo o governante, este leilão tem “duas diferenças” em relação aos dois anteriores promovidos pelo Governo, em 2019 e em 2020, sendo “óbvia” a primeira delas, porque os parques solares “vão ser na água, não vão ser em terra”.

A segunda diferença é que este é um leilão em que nós vamos, ao contrário de todos os outros, não só leiloar o acesso à rede, mas o sítio exato onde vai ficar a produção solar”, indicou.

Isto porque, no caso das albufeiras, estas “são de uso público” e é necessário “garantir toda a compatibilização dos outros usos que existem” nessas mesmas barragens que vierem a ser escolhidas, como “o abastecimento de água, o turismo” ou mesmo o acesso à água por parte dos meios aéreos de combate aos incêndios.

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Temos que garantir o espaço de uma pista para que os aviões possam apanhar essa mesma água, para estar sempre livre esse espaço”, explicou.

Já em 16 de abril, nas Grandes Opções para 2021-2025, o Governo tinha dito que iria lançar este ano um novo leilão solar para espelhos de água nos aproveitamentos hídricos.

Agora, o ministro indicou que a iniciativa arranca em setembro e que se pretende leiloar “até 500 MW”, implicando a avaliação de todas as albufeiras nacionais, que “são cerca de 60“.

Dessas, há 17 onde achamos que há condições” para estes projetos, com tecnologia solar fotovoltaica flutuante, sendo que, “em sete já sabemos que há condições”, três delas no Alentejo, nomeadamente Alqueva, Santa Clara e Monte da Rocha, afirmou. Já as outras 10 estão a ser avaliadas “com mais finura” e, segundo o ministro, podem não ser todas escolhidas para acolher estes parques solares: “Só lá mais para agosto é que saberemos“.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, acompanhado pelo secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, falava aos jornalistas após descerrar uma placa e assistir à apresentação do projeto da Central Solar Fotovoltaica de Mendo Marco, no concelho de Arraiolos.

A central está em construção e é um dos quatro projetos da empresa espanhola Solaria em Portugal, todos resultantes do leilão solar de 2019, três no Alentejo (além de Arraiolos, têm em Alandroal e em Elvas) e um em Alenquer, previstos estarem concluídos em dezembro.

Com um total de 63 MW, os quatro projetos envolvem um investimento de até 23 milhões de euros, revelou a Solaria, que traçou como meta em Portugal chegar a 2030 com um gigawatt (GW) de produção solar, fruto de 350 milhões de euros investidos.

Na cerimónia desta segunda-feira, o ministro Matos Fernandes lembrou que Portugal “tem uma quota muito pequenina” de produção solar, “inferior à de Inglaterra“, país que “não é propriamente conhecido pelas suas muitas horas de sol”.

Rumo à neutralidade carbónica em 2050, é preciso “multiplicar” aqueles que eram “um pouco mais de 700 MW quando comecei, em 2016, em pelo menos 7.000” MW, frisou o governante, referindo que, por enquanto, Portugal atingiu “1,3 GW”, mas “é fundamental acelerar este processo”.