A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considerou esta terça-feira que Rui Moreira não tem condições para continuar à frente da Câmara do Porto, depois de ter sido pronunciado pelos crimes de prevaricação, em concurso aparente com um crime de abuso de poder. “Não vale fazer de vítima, agora que vai a julgamento. Não tem condições para continuar no cargo”, disse a líder do BE numa publicação na rede social Twitter.

Catarina Martins lembrou que já em 2017 João Semedo tinha proposto a Moreira que cancelasse o acordo que a Câmara Municipal do Porto mantinha com a imobiliária Selminho, um negócio da sua família no qual se mantém como sócio. “Em 2017, perante o insuportável conflito de interesses, João Semedo propunha uma solução a Rui Moreira: anular o acordo entre CMP e Selminho. Rui Moreira preferiu o negócio à cidade. Não vale fazer de vítima, agora que vai a julgamento. Não tem condições para continuar no cargo”, escreveu Catarina Martins.

Oposição no Porto começa a reagir

Também o candidato do Partido Popular Monárquico à Câmara do Porto afirmou esta terça-feira que o caso Selminho é “mais um caso de indícios de corrupção entre políticos em Portugal”, criticando a reação de Rui Moreira à decisão do tribunal.

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Em comunicado, Diogo Araújo Dantas, candidato do Partido Popular Monárquico (PPM) à presidência da Câmara do Porto, afirma que “este é apenas mais um caso de indícios de corrupção entre políticos em Portugal” e destaca que a “impunidade com que o poder se move na justiça é algo vergonhoso”.

“Esta decisão não muda absolutamente nada” foi a afirmação mais importante, que revela bem que os donos do poder vivem num país diferente do resto dos cidadãos”, afirma o candidato, referindo-se à reação do presidente da autarquia, Rui Moreira, à decisão do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de o levar a julgamento no âmbito do caso Selminho.

Numa declaração nos Paços do Concelho sem direito a perguntas dos jornalistas, o autarca independente afirmou que a decisão não interferirá na sua avaliação sobre uma recandidatura à Câmara do Porto, lamentando a mesma e considerando que “nada de novo resulta” dela.

Para Diogo Araújo Dantas, a “normalização deste comportamento” deve “preocupar”, defendendo que “achar que é tudo normal é pactuar e ser cúmplice”. “Inclusive quem ficar comovido com o espetáculo televisivo”, refere o candidato do PPM, acrescentando que mais do que o caso Selminho, o preocupa que a “corrupção esteja nas raízes do poder camarário e central em Portugal”.

Diogo Araújo Dantas diz ainda não voltar a falar sobre o caso Selminho “até às eleições”.

“Infelizmente, estes acontecimentos são normais se votamos sempre nos do costume ou seus aliados”, acrescenta.

Caso Selminho. Rui Moreira vai a julgamento por prevaricação. “Esta decisão não muda absolutamente nada”, diz o autarca