Era uma vez um jogo. Um jogo que voltou a ter adeptos no Falmer Stadium, em Brighton, e com uma proporção que em Portugal nunca foi sequer ponderada: não foi 5%, não foi 10%, foi mesmo 25% dos 30.000 lugares que o recinto tem, num total de 7.500 espectadores que tornaram o futebol naquilo que sempre foi e voltou a ser.

Era uma vez um jogo. Um jogo que logo no segundo minuto teve o golo inaugural, depois de a equipa da casa ter tentado uma zona de pressão mais alta com a bola nos pés de Ederson, Mahrez ter recebido e trabalho bem pela direita e Gündogan aparecer ao segundo poste para desviar para o primeiro golo dos novos campeões.

Era uma vez um jogo. Um jogo que estava completamente dominado e controlado com bola por parte do City, que tinha os habituais envolvimentos dos laterais no jogo ofensivo, que voltava a apostar na mobilidade entre as três unidades da frente aproveitando o bom momento de Ferran Torres tendo Gündogan e Bernardo Silva como os médios criativos de apoio, mas que mudou por completo ao nono minuto, quando João Cancelo facilitou numa bola bombeada na frente, derrubou um adversário em direção da baliza e foi expulso com vermelho direto.

Era uma vez um jogo. Um jogo em que o City foi obrigado a controlar como não gosta e jogar sem bola, sem tanta capacidade de saída, algumas vezes a ter de recorrer aos lançamentos longos em profundidade mas a conseguir através da inspiração individual aumentar a vantagem no marcador, com Phil Foden a correr meio campo antes de um remate cruzado de bico descaído sobre a esquerda que não deu hipóteses a Robert Sánchez (47′).

Era uma vez um jogo. Um jogo em que o Brighton aproveitou um golo de Leandro Trossard beneficiando da confusão na área contrária para reabrir por completo o resultado (50′) e ser conduzido com o forte apoio que se fazia sentir nas bancadas para uma grande recuperação perante a incapacidade de saída do City sobretudo após a saída por lesão de Gündogan, empatando com um golo de cabeça de Adam Webster ao segundo poste na área (72′) e fazendo a reviravolta apenas quatro minutos depois, com uma recarga de Dan Burn (76′).

Foi um jogo. Ou melhor, foi mais do que um jogo. Não tanto pela derrota do campeão Manchester City, não tanto pela recuperação do Brighton (que merece o devido relevo porque até com menos um não deixa de ser aquela equipa que ocupa o primeiro lugar e está na final da Champions), mas porque os adeptos regressaram num número até razoável ao estádio e mostraram como o seu apoio pode fazer a diferença quando uma equipa quer ser feliz em busca da redenção no resultado. Assim voltará a ser um dia o jogo. Não a 25% mas a 100%.

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