Uma oficina destinada à reutilização e recuperação de móveis abriu esta segunda-feira na freguesia da Ajuda, em Lisboa, para dar uma nova vida aos resíduos espalhados na cidade e criar novos lugares de reencontro comunitário, afetado pela pandemia da Covid-19.

Aproveitando o Dia Internacional da Reciclagem, a iniciativa “Ripas” nasce na Calçada da Boa-Hora, através da colaboração do município, da Junta de Freguesia da Ajuda e da Oficina Monstros — Associação de Artes e Ofícios.

Em declarações esta segunda-feira à agência Lusa, o vereador do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia, José Sá Fernandes, explicou que o primeiro espaço utilizado para a reutilização de mobília na capital surge para reaproveitar “as madeiras”, adiantando que o projeto será replicado noutras freguesias no futuro.

É um projeto-piloto que vamos desenvolver noutros locais. Estamos muito contentes por ter esta iniciativa de recuperar monstros, os chamados monstros que as pessoas deitam fora, o mobiliário que está estragado”, indicou.

José Sá Fernandes realçou que a iniciativa inovadora iniciar-se-á com a reutilização de móveis, mas a ideia é também reciclar outro tipo de materiais, como metais.

“Estamos a reduzir [lixo] e estamos a reutilizar tudo o que tenha a ver com as madeiras e também algumas coisas de metal, mas — para já, para já — o grande foco vão ser as madeiras“, disse, lembrando que o município está empenhado na redução de “resíduos de óleos”, após a instalação de oleões em vários locais da cidade.

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Em 19 de abril, foi anunciado que 204 oleões inteligentes de recolha de óleos alimentares usados iam começar a ser instalados em Lisboa, permitindo aos cidadãos registar os depósitos em tempo real. Em comunicado divulgado, na altura, a Hardlevel, empresa fundadora da Rede Nacional de Oleões (RENO), adiantou que numa primeira fase estava prevista a instalação de 160 oleões “em pontos estratégicos da cidade”.

O projeto, que deverá ficar concluído até ao final de maio, iniciou-se nas freguesias de Areeiro, Arroios, Beato, Penha de França, Benfica, Carnide, São Vicente e Alcântara.

“Nós já instalámos há três semanas vários oleões em vários sítios da cidade, em quase todos os ecopontos, para também podermos reduzir os resíduos de óleos”, recordou, adiantando que “em breve” andará por Lisboa “uma carrinha […] em busca de eletrodomésticos, que também podem ser reutilizados e reciclados”.

À Lusa, o autarca contou ainda que o município tem também o objetivo de “recuperar o Repair Café“, cafés onde se reparam coisas.

“A nossa ideia é termos este tipo de experiências nas freguesias todas, começamos agora na Ajuda, mas, no futuro, é estes nichos de materiais terem destinos que não seja irem para o lixo. Quer na reciclagem dos óleos, quer na reutilização das madeiras, quer na reutilização e reciclagem de aparelhos eletrónicos. Acho que é bom haver dispersão na cidade e ao mesmo tempo tem um efeito positivo na comunidade”, sustentou.

O “Ripas” que nasce agora, além de ser um espaço para reutilizar mobília, vai ter uma componente de ações de formação e seminários dedicados à reciclagem, com o objetivo de “capacitar os munícipes para a reparação autónoma do seu próprio mobiliário e criar redes comunitárias de partilha, sensibilizando-os para a problemática das madeiras em fim de vida e do seu impacte ambiental”.

Ninguém compreenderia que uma cidade não fosse evoluindo na questão dos resíduos, que é uma questão absolutamente central em termos ambientais, no mundo inteiro. Estas iniciativas visam reduzir reutilizando. O que nós precisamos mesmo é aprendermos muito com esta coisa da pandemia, termos sítios para nos encontrarmos para nos ajudarmos, para sermos solidários”, frisou.