O Bloco de Esquerda entregou esta quinta-feira um requerimento para ouvir a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo e a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) sobre a falta de médicos de família.

No documento enviado à presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, Maria Antónia Almeida Santos, os bloquistas recordaram as palavras da ministra da Saúde, Marta Temido, na audição regimental de quarta-feira, na qual admitiu o agravamento do número de utentes sem médico de família para cerca de 900 mil, com especial incidência na região de Lisboa, que concentra mais de 600 mil destes utentes.

“O problema é crónico, os valores são inadmissíveis e a verdade é que ao longo dos anos não têm existido nem ideia nem soluções para dar a volta a esta situação. Não basta anunciar a abertura de vagas para contratação. O histórico dos últimos anos mostra que cerca de 30% dessas vagas ficam por ocupar”, pode ler-se na nota divulgada pelo Bloco, que reforça ainda o número de médicos formados no Serviço Nacional de Saúde e que optam depois por sair.

Assim, o partido liderado por Catarina Martins entendeu solicitar a audição no parlamento da ARS de Lisboa e Vale do Tejo e da ACSS para apurar as razões por detrás deste “problema crónico” e da sua não resolução até ao momento, avançando já com algumas propostas que, segundo o Bloco, poderão contribuir para uma solução.

“Aumento de condições formativas nas regiões mais carenciadas, para que assim possa existir capacidade de formar mais especialistas nessas mesmas áreas; concursos extraordinários para ingresso em especialidade das várias centenas de médicos que têm ficado impedidos de aceder a esta formação; criação de outras medidas que incentivem à fixação de médicos de família nos concelhos com mais utentes a descoberto”, enumera o requerimento bloquista.

Na audição de quarta-feira, Marta Temido justificou a situação de agravamento com mais de uma centena de aposentações de especialistas de medicina geral e familiar, bem como o aumento do número de inscritos nos centros de saúde, que registou mais 59 mil utentes ativos nos cuidados de saúde primários nos primeiros quatro meses de 2021.

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