Aos olhos de Barack Obama, Donald Trump é “um louco”, “um racista, um porco sexista”. Pior: é um “lunático do c…” e um “filho da mãe corrupto”. O ex-Presidente dos EUA Barack Obama seguiu, com poucas exceções, a tradição de não criticar publicamente o respetivo sucessor na Casa Branca. Mas em cenários mais privados, como encontros com conselheiros e financiadores do Partido Democrático dos EUA, não se coibiu de, em várias ocasiões, dizer o que realmente pensava de Trump, revela um novo livro. O mesmo livro que jura que Jill Biden, um dia, disse que Kamala Harris “se podia ir f…”.

O livro chama-se Battle for the Soul: Inside the Democrats’ Campaigns to Defeat Donald Trump, pelo autor Edward-Isaac Dovere, um jornalista da revista Atlantic. É uma obra que, como indica o título, é uma descrição detalhada de como os democratas geriram a campanha para derrotar Donald Trump, numa “batalha pela alma”.

Como escreve o The Guardian, a quem foi enviada uma cópia do livro que só será publicado na próxima semana, as revelações do livro irão, provavelmente, enraivecer o ex-Presidente Trump, que ainda tem influência sobre uma parte importante do Partido Republicano. A fraca opinião de Obama acerca de Trump não é uma novidade, mas não se sabia que Obama usava palavras tão fortes, em cenários mais privados, para se referir ao seu sucessor.

A dada altura, Obama terá dito a alguém que “grandes financiadores tentam provocar uma reação por parte dele (de Trump) em troca de grandes cheques que estão a passar para a sua Fundação”. Quando confrontado com algumas das coisas que Trump foi fazendo, ao longo dos quatro anos em que esteve na Casa Branca, Obama frequentemente abanava a cabeça e apenas dizia: “esse lunático do c…”. Pior foi quando Obama chamou “filho da mãe corrupto” ao Presidente quando se soube que Trump estava em conversações com o russo Vladimir Putin.

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O livro afirma, também, que Obama terá ficado satisfeito quando Trump foi o escolhido pelo Partido Republicano para candidato às eleições de 2016 (onde Trump viria a vencer Hillary Clinton) – Obama achava que Trump era muito menos inteligente do que Ted Cruz, o senador do Texas que ficou em segundo lugar nessa corrida à nomeação republicana.

Jill Biden queria que Kamala Harris “se fosse f…”

Outra revelação deste livro, que já tinha sido noticiada pelo Politico quando leu a obra, foi que, a dada altura, após um dos debates das primárias do Partido Democrático, a mulher de Joe Biden falou de forma injuriosa sobre Kamala Harris (que haveria, depois, de ser escolhida para vice-Presidente).

Foi depois de um debate em que Kamala Harris atacou Joe Biden, quando os dois ainda estavam na corrida pela nomeação do partido às presidenciais. A candidata lançou um tema relacionado com a segregação racial nos EUA e, afirmando que “não acreditava que Biden era um racista”, acusou o seu (então) opositor de criticar outros responsáveis que lutaram ao longo da vida contra o racismo. O momento foi tenso, inesperado, Biden ensaiou uma resposta improvisada, mas a farpa não passou despercebida.

Segundo o livro, uma semana depois, Jill Biden falou ao telefone com apoiantes do partido e referiu-se de forma muito crítica à tirada de Kamala Harris (ainda mais porque era amiga do falecido filho de Biden, Beau). Nessa conversa telefónica com apoiantes, a mulher de Biden criticou Kamala por ter colado a Biden, no mínimo, uma imagem de desvalorização da luta anti-racismo.

“Sabendo tudo o que ele defende, aquilo por que luta, chega lá [ao debate] e chama-lhe racista sem fundamento? Vai-te f…”, atirou Jill Biden, referindo-se a Kamala Harris.