O vice-presidente do PSD David Justino manifestou nesta quinta-feira reservas face a um frentismo de direita e argumenta que a participação do Chega na convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL) reconhece o Chega “como uma força política importante”.

“Quando se fala no problema da normalização do Chega… O que o congresso está a fazer é reconhecer o Chega como uma força política importante. E eu, sinceramente, para mim, o Chega é um deputado, mais nada”, defendeu David Justino em entrevista à Rádio Renascença e ao jornal Público.

O “vice” do PSD foi questionado sobre se a convenção do MEL, que decorre na terça e quarta-feira em Lisboa, beneficia o deputado André Ventura, e considerou ainda: “Utilizando aquilo que é o aferidor da normalização, aparentemente está… Eu só não sei porque é que não convidam o PNR, já agora! Também era bem-vindo, pelos vistos”.

Confrontado com a presença do presidente do PSD, Rui Rio, pela primeira vez nesta convenção tida como um congresso das direitas, respondeu que “é uma decisão que lhe cabe a ele” e é “mais uma manifestação de boa vontade do presidente do PSD do que uma posição radical”.

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“Ele nos dois primeiros não participou e entendeu que agora sim, porque também tinham alargado o leque para outros setores que não estavam representados”, afirmou, admitindo que os organizadores tenham alargado excessivamente o âmbito da convenção, quer para a esquerda quer para a direita, numa referência também à participação do deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.

Para David Justino, se Rui Rio “se sente mais confortável” para participar na convenção do MEL deve fazê-lo, até porque, sublinhou, “o presidente do PSD não está sujeito a qualquer centralismo democrático”, e “tem um grau de liberdade que lhe permite tomar opções”.

O vice-presidente social-democrata “não teria grande interesse” em participar na convenção e expressa reservas a qualquer frentismo, designadamente de direita, argumentando que “se não há uma base ideológica dessa frente unitária, dificilmente ela pode existir a não ser para a defesa de interesses”.

Para partidos que estão na oposição, aquilo que menos interessa neste momento é a defesa de interesses. O debate ideológico não tem acontecido tanto quanto eu entendo que seria necessário à direita”, sustentou.

Sobre o cenário pós-autárquicas, David Justino reiterou o que o presidente do partido tem vindo a afirmar, de que fará uma avaliação após o ato eleitoral.

O dr. Rui Rio vai fazer uma avaliação: o que é que eu estou aqui a fazer? Posso acrescentar alguma coisa ou não? E vai tomar a decisão. Eu também não estou a ver-me, se ele não ficar, a ficar a fazer seja o que for. Estou cá por ele, mas acima de tudo pelo projeto que nos uniu, para tentarmos fazer alguma coisa pelo país”, afirmou.

David Justino conclui: “A partir da altura em que não temos condições políticas para o fazer, eu acho que há que dar lugar a outros. Ficar no poder pelo poder não é muito atrativo”.