O artista Leonel Moura, pioneiro da arte robótica em Portugal, é o autor da série “Machine Beauty”, a primeira obra ‘NFT’ do Centro Português de Serigrafia (CPS), em Lisboa, que marca a sua entrada no mercado de arte digital.

“Leonel Moura é o autor da primeira edição ‘NFT’ do Centro Português de Serigrafia intitulada ‘Machine Beauty'”, lê-se no comunicado hoje divulgado pelo CPS, que assume entrar assim “no novo mercado de arte digital e da criptomoeda”.

‘NFT’, abreviatura de ‘Non Fungible Token’, baseia-se na nova tecnologia ‘blockchain’, usada nas moedas virtuais, certificando “a obra de arte no meio digital como objeto singular e inviolável”, especifica o CPS.

A série “Machine Beauty” foi realizada por Leonel Moura através de um algoritmo, e surge na sequência da sua obra, de caráter pioneiro nas relações da arte com a Inteligência Artificial e a robótica

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A edição é limitada a 17 exemplares, cada um deles de caráter único e apresentado sequencialmente, com versão virtual e física. Esta versão é numerada e assinada pelo artista.

A aquisição de “Machine Beauty” pode ser feita em moeda virtual Ethereum, na atual maior plataforma mundial de NFT, a Open Sea.

Para a concretizar a aquisição é necessária uma ‘wallet’, neste mercado.

Em 2018, Leonel Moura apresentou um conjunto de robôs pintores, na exposição “Artistes & Robots”, que levou ao Grand Palais, em Paris.

Nesta mostra, os robôs do artista criavam, em tempo real e de forma autónoma, pinturas originais.

No ano passado, em setembro, Leonel Moura participou numa exposição de arte computacional, no Ullens Center for Contemporary Art, em Pequim, na China.

Em fevereiro deste ano, lançou o livro “10 Manifestos de Arte”, no qual contextualiza a importância dos principais manifestos do século XX, e o seu impacto na arte presente e futura.

Em 2016, num outro livro, “A invasão dos robôs”, o artista visual alertava para a “invasão dos robôs”, em curso na vida quotidiana, e para o seu impacto nas sociedades, nas próximas décadas, com alterações radicais, como o enorme aumento do desemprego.

“Estamos a ser invadidos por robôs. Cada vez mais autónomos e inteligentes. Essa invasão é impercetível, camuflada na catadupa de inovações tecnológicas que nos chega todos os dias. Torna-se difícil distinguir um novo ‘gadget’ de algo que vai mudar as nossas vidas de forma irremediável”, considerava o autor, em declarações à agência Lusa.

“As consequências são imprevisíveis. Positivas mas também negativas. Estamos a entrar num terreno francamente imprevisível. E, no entanto, não há consciência do problema. A política não tem hoje capacidade de pensar o futuro”, lamentou, nas declarações que então fez à Lusa, assumindo, porém, o seu fascínio por robôs.

Uma dessas máquinas criadas por Leonel Moura foi colocada em 2007 na Sala da Humanidade do Museu de História Natural de Nova Iorque, nos Estados Unidos, para desenhar perante os visitantes.

Desde a venda de uma obra do artista Beeple, certificada por ‘NFP’, em leilão, por 58,4 milhões de euros, no passado mês de março, as transações têm crescido neste segmento.

Intitulada “Everydays: The First 5,000 Days” (“Todos os dias: Os primeiros 5.000 dias”, em tradução livre), a obra de Beeple, cujo verdadeiro nome é Mike Winkelmann, é uma colagem digital de fotografias tiradas desde 01 de maio de 2007, ao segundo de 5.000 dias.

Os NFT são ativos digitais que devido a uma tecnologia de cadeia de blocos, denominada “blockchain”, ficam registados como únicos, irreplicáveis e cujo historial de transações pode ser seguido desde a origem da “obra”.

AZCL/MAG // MAG

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