O Exército nigeriano está a investigar os relatos que esta quinta-feira começaram a circular nos media nacionais, uns a garantir que Abubakar Shekau, o líder do grupo terrorista Boko Haram, estava morto, outros a sustentar que tinha, em vez disso, ficado gravemente ferido, confirmou um porta-voz, citado pela Reuters, esta sexta-feira de manhã.

Os relatos, que entretanto chegaram à imprensa internacional, coincidem nos factos: esta quarta-feira à tarde, na floresta de Sambisa, bastião do Boko Haram no nordeste da Nigéria, o grupo terrorista islâmico terá finalmente capitulado após combates com o ISWAP, o Estado Islâmico na África Ocidental, formado em 2016 por um grupo de dissidentes das suas fileiras.

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Depois de vários dos seus guarda-costas terem sido mortos, Shekau, que assumiu a liderança do Boko Haram em 2009, depois da morte do fundador Mohammed Yusuf, terá sido convidado pelo grupo rival a conceder a derrota, entregar o poder e jurar lealdade a Abu Musab al-Barnawi, líder do ISWAP — coisa que se recusou a fazer.

É nesta parte da narrativa que surgem as discrepâncias: enquanto umas fontes garantem que Abubakar Shekau se suicidou, outras asseguram que o líder do Boko Haram ficou gravemente ferido, depois de ter tentado matar-se. Também é incerto o método que terá utilizado: arma de fogo, granada ou colete de explosivos.

O portal de notícias HumAngle Media, sediado na capital, Abuja, e especializado em questões de segurança do continente africano, com especial pendor para o grupo extremista doméstico do Boko Haram, foi dos primeiros a avançar, já esta quinta-feira, a notícia da morte de Shekau. De acordo com as fontes ouvidas pelos jornalistas, o líder terrorista estaria a usar, sem que ninguém soubesse, um colete de explosivos, que ativou enquanto negociava com o grupo rival, provocando não apenas a sua mas também as mortes de vários membros do ISWAP presentes.

Não é a primeira vez que a morte de Abubakar Shekau, que tem a cabeça a prémio na Nigéria, é anunciada. Desde 2009, o Boko Haram já foi responsável pelas mortes de mais de 30 mil pessoas. Cerca de dois milhões de pessoas foram, durante o mesmo período de tempo, forçadas a fugir e a abandonar as respetivas casas, dando origem a uma crise humanitária sem precedentes em África e no mundo, têm alertado várias autoridades ao longo dos últimos anos.