Os números acumulam-se: o Benfica perdeu a final da Taça de Portugal pelo segundo ano consecutivo, alargando o registo de apenas três conquistas no espaço de 25 anos; Jorge Jesus perdeu a final da Taça de Portugal pela quarta vez na carreira, sendo que em cinco participações na derradeira partida só conseguiu ganhar uma vez; e o Benfica terminou a época sem qualquer título conquistado, algo que não acontecia desde 2012/13, com Jesus. Com uma derrota, no último jogo de uma temporada atribulada, vazia e infrutífera, os encarnados confirmaram que têm de voltar a desenhar um projeto inteiro que há um ano parecia ser o futuro incontestado do clube.

Um futuro que, obrigatoriamente, passava pelo regresso de Jorge Jesus. O treinador que, este domingo, era a cara do desalento do Benfica. “É uma época perdida. Só não era tanto se ganhássemos a Taça. Precisávamos de ganhar este troféu. Sentíamos que tínhamos capacidade para o fazer mas o impacto é teres perdido a final, nada na minha cabeça muda”, disse o técnico na flash interview, antes de tecer críticas alargadas à atuação da equipa de arbitragem e, em particular, à abordagem ao lance da expulsão de Helton Leite.

Helton Leite foi aposta de Jesus, conseguiu maior série sem sofrer na Liga mas acabou a bater o pior recorde na Taça de Portugal

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“Eu admito que o árbitro não veja. Mas o VAR vê. O Abel [Ruiz] fez-se à expulsão. Ainda por cima, a bola foi para fora do funil da baliza. Foi complicado. Tivemos dez minutos com dificuldades, alguns desequilíbrios. A acabar a primeira parte, temos uma grande chance para marcar mas acabamos por sofrer. Era uma situação fácil para o nosso keeper [guarda-redes]. Os jogadores do Benfica acreditaram que podíamos dar a volta. No fim, à procura de tudo, sofremos o segundo. Não disputámos o jogo como queríamos disputar. Sabíamos que temos uma grande equipa e passávamos um bom momento. 11 contra 11, íamos estar no jogo. Saímos do jogo aos 15 minutos. O golo do Sp. Braga era uma jogada fácil do keeper, não teve o timing certo da saída. O Sp. Braga ganhou bem, soube jogar com mais um jogador. Teve mérito e aproveitou os erros. Temos de saber perder e dar os parabéns ao Sp. Braga, que não tem culpa nenhuma com o árbitro. Temos de deixar de premiar o árbitro em fim de carreira, estamos a brincar ou quê? Têm de estar os melhores árbitros. Isto é andar a brincar ao futebol. É uma derrota pesada, estamos tristes e acreditávamos que íamos ganhar. O lance do Helton, se fosse no basquetebol, seria falta ofensiva”, atirou Jesus, que se tornou, a par de Pedroto e Fernando Vaz, o treinador com mais finais da Taça perdidas.

O treinador encarnado reconheceu que não está acostumado a passar épocas inteiras sem conquistar um único troféu mas não deixou aberta a possibilidade de uma saída precoce, recordando desde logo que tem um vínculo contratual longo. “O culpado sou eu, porque escolho os jogadores. Sou o primeiro responsável. Tenho mais um ano de contrato e estamos a preparar a próxima época, já estávamos antes desta final. Saí do Benfica a ganhar, saí do Flamengo a ganhar… Não estou habituado a perder”, acrescentou o treinador.

Assim, o Benfica terminou a época no terceiro lugar do Campeonato, com a obrigatoriedade de disputar o acesso à Liga dos Campeões, foi eliminado na meia-final da Taça da Liga e perdeu a final da Taça de Portugal. Os encarnados começaram a temporada a falhar a Champions, contra o PAOK, e caíram nos 16 avos de final da Liga Europa com o Arsenal. Um ano que trouxe o mais caro de sempre, Darwin; que trouxe o treinador desejado, Jesus; que trouxe uma reeleição importante, de Vieira; e que trouxe um conjunto com Vertonghen, Otamendi, Everton e Waldschmidt. Mas que trouxe pouco mais do que isso.