O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, reafirmou esta segunda-feira a disponibilidade de Moscovo para dialogar com a União Europeia (UE), desde que esse diálogo, ressalvou o representante, seja sempre feito em pé de igualdade.

“Abordámos a situação entre a Rússia e a UE e assinalámos que as nossas relações não estão a viver os seus melhores momentos”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo grego, Nikos Dendias, em Sochi, cidade russa localizada nas margens do mar Negro.

Serguei Lavrov insistiu que não foi a Rússia que deu início à espiral de sanções desencadeada por Bruxelas.

Reafirmamos a nossa disponibilidade para uma interação construtiva com a UE, mas exclusivamente com base no princípio da igualdade, do respeito mútuo e tendo em conta os interesses das partes, e não com base em reivindicações unilaterais ilegítimas”, sublinhou Lavrov.

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros grego manifestou preocupação com o estado atual das relações entre a Rússia e o bloco dos 27.

“Falámos de forma aberta e franca sobre as relações entre a Rússia e a UE, porque neste momento encontram-se num nível baixo”, referiu Nikos Dendias, sublinhando que Atenas dá “especial importância” a estes laços.

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O chefe da diplomacia helénica frisou que a Rússia é uma parte inalienável da arquitetura de segurança europeia e que desempenha um papel importante na resolução de conflitos regionais.

“Por isso, falámos sobre a normalização das relações entre as partes”, declarou o ministro grego, que indicou ao mesmo tempo que a Grécia é um estado-membro da UE e, portanto, está ligada aos seus “compromissos europeus”.

O encontro entre Lavrov e Dendias realizou-se algumas horas antes do início da cimeira extraordinária dos líderes da UE, realizada esta segunda e terça-feira em Bruxelas, que tem na agenda, entre outros assuntos, o atual cenário da relação entre os 27 do bloco comunitário e a Rússia.

No início de fevereiro passado, o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, deslocou-se à Rússia, visita que ficaria marcada pelo anúncio de Moscovo, enquanto decorria a deslocação do representante do executivo comunitário, da expulsão de diplomatas europeus por motivos relacionados com o caso do opositor russo Alexei Navalny, atualmente detido.

Na altura, várias dezenas de eurodeputados chegaram a pedir a demissão de Borrell após a visita a Moscovo, que qualificaram de “humilhante”.

Na mesma ocasião, numa nota publicada pelo Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), Borrell classificou a visita à capital russa como “muito complicada”.

O meu encontro com o ministro Lavrov e as mensagens emitidas pelas autoridades russas durante a minha visita confirmam que a UE e a Rússia estão a distanciar-se. Parece que a Rússia está a desconectar-se progressivamente da Europa e a ver os valores democráticos como uma ameaça existencial”, referiu então a nota.