O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, enalteceu o empenho dos militares portugueses destacados no Afeganistão que esta segunda-feira regressaram a Portugal, no “momento histórico” do fim de quase 20 anos daquela presença portuguesa em missão da NATO.

Os 162 militares, 158 que integraram a 6.ª Força Nacional Destacada na missão da NATO “Resolute Support Mission” e quatro elementos Nacionais Destacados, em funções de Estado-Maior, no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, aterraram esta segunda-feira de manhã no aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa.

Este regresso marca também o momento histórico na medida em que se põe fim a quase 20 anos de envolvimento de Portugal no Afeganistão, quase 20 anos de contributo nacional para a estabilidade e segurança de um país que é remoto, mas que pertence ao mesmo planeta e cujas dinâmicas afetam as nossas dinâmicas na Europa”, disse João Gomes Cravinho na cerimónia de receção aos militares.

O ministro referiu que o regresso desta força nacional ficará concluído ao longo dos próximos dias com a chegada a Portugal dos 15 elementos que ainda ficaram no Afeganistão a tratar do envio para Portugal dos equipamentos.

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“São 4.500 militares que ao longo destes 20 anos prestaram serviço a Portugal no Afeganistão. Houve momentos difíceis, muito duros, momentos em que a qualidade dos nossos militares foi posta à prova (…) todos esses momentos, essa qualidade deixou-nos com orgulho”, disse.

João Gomes Cravinho destacou a importância da participação de Portugal nos esforços internacionais de segurança cooperativa, coletiva.

“Esta intervenção no Afeganistão como todos se recordam foi devido ao atentado contra as Torres Gémeas. E nós ao fim de 20 anos coletivamente na NATO chegámos ao momento de poder dizer que as forças da NATO devem agora sair do país, havendo condições para termos alguma segurança quanto ao Afeganistão nunca mais ser utilizado como uma base para o terrorismo internacional como aconteceu no final do século passado e início deste século”, disse. De acordo com o ministro, Portugal deu um contributo para a segurança de todos no âmbito da NATO ao longo destes anos.

É um contributo muito importante que Portugal dá. Pode-se pensar que o Afeganistão está longe dos interesses portugueses, não é o caso. Bem mais longe estava Nova Iorque e o atentado foi em Nova Iorque. Quando há bases para o terrorismo interacional é o mundo inteiro que está ameaçado”, destacou.

Quanto ao futuro, o ministro da Defesa adiantou que a NATO está a estudar a hipótese de uma nova missão, que ainda não está desenhada.

“Será completamente diferente. Não será com este número de efetivos, nem com os objetivos da “Resolute Support Mission, da missão que agora se encerra. Nestas próximas semanas, meses será desenvolvido um novo conceito e Portugal estudará o interesse em participar nessa nova missão da NATO. Ainda não está delineada a missão logo que houver condições para isso, nos próximos meses tomaremos as nossas decisões”, conclui.

Durante cerca de quatro meses estes militares constituíram a Força de Reação Rápida, com a missão de vigilância e proteção ao aeroporto internacional “Hamid Karzai” em Cabul, o Destacamento de Apoio Nacional, que garantiu o apoio administrativo-logístico aos militares portugueses neste teatro de operações, e os Elementos Nacionais Destacados, cujas tarefas abrangem diferentes áreas funcionais como a engenharia militar, as informações e o treino e aconselhamento.

Em declarações à agência Lusa, Marco Silva, major de infantaria do Exército português, disse que os militares regressam a Portugal com “sensação de dever, de missão cumprida“.

“É uma sensação difícil de explicar, de missão cumprida, de preenchimento, de realização pessoal, profissional. (…) Estivemos lá quatro meses e meio numa missão essencialmente de assegurar a segurança das pessoas e das instalações do aeroporto de Cabul, com o objetivo de proporcionar o normal funcionamento do aeroporto e das operações militares que ocorrem dentro do mesmo”, disse.

Marco Silva disse ainda, que apesar dos condicionamentos provocados pela pandemia de Covid-19, a missão decorreu “de forma tranquila“.

Também a comandante Bruna Gonçalves fez, em declarações à Lusa, um balanço “muito positivo” da missão, destacando o “sentimento de dever cumprido” e o contacto e a troca de experiências com vários exércitos de várias nacionalidades.