Merita Alves, secretária-geral da Organização Popular da Mulher Timorense (OPMT), que integra a estrutura do maior partido timorense, a Fretilin, morreu esta segunda-feira em Díli, aos 64 anos, vítima de doença prolongada, disse à Lusa fonte partidária.

Alves, que liderava a OPMT desde 2006, era um dos elementos do Comité Central da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e estava há vários anos a lutar contra uma doença prolongada.

Numa mensagem na sua página no Facebook, Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, recordou a perda de um “quadro do partido, cheio de valores e princípios, uma pessoa íntegra e sempre pronta a servir a Fretilin e a causa do povo maubere”.

Perdemos, por isso mesmo, uma heroína, uma esposa e mãe exemplar, uma líder corajosa e cheia de modéstia e humildade. A camarada Merita deixou-nos. Ficamos sem a sua companhia, mas ficamos com a sua experiência de combatente vencedora nas lutas mais difíceis”, escreveu Alkatiri em nome pessoal, da família e do partido.

Merita Alves, que esteve presa cinco vezes durante vários períodos entre 1979 e 1993 pelas forças ocupantes da Indonésia, foi condecorada em novembro de 2008 com a Ordem Nicolau Lobato, a mais alta distinção pelos combatetes pela libertação nacional de Timor-Leste.

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O registo da base de veteranos do país diz que dedicou pelo menos 17 anos e cinco meses à luta contra a ocupação indonésia.

Mensagens de condolências multiplicaram-se nas redes sociais depois de a morte ser conhecida, com textos e imagens a serem publicados por vários quadros e militantes do partido. A OPMT nasceu oficialmente a 28 de agosto de 1975, reconhecendo o papel crucial da mulher na organização, mobilização e consciencialização política da população.

A organização tornou-se um dos símbolos do papel das mulheres timorenses nas três frentes de luta contra a ocupação indonésia (armada, clandestina e diplomática).

Em 2000, depois da saída da Indonésia de Timor-Leste, realizou a primeira mini-conferência com a participação dos seus antigos quadros vindos dos 13 distritos, tendo sido adotado um primeiro esboço de estatutos que seria aprovado na conferência de 2006, em que Merita Alves foi eleita.

A mulher Timor já palmilhou vales e subiu montanhas. Acredita na sua força, na força da mulher organizada na OPMT, que é também a força da Fretilin, para tornar o que parece impossível, em sonho realizado”, escreveu a própria Merita Alves.