O Plano de Recuperação e Resiliência já foi fechado e apresentado a Bruxelas, estando o Governo à espera que possa ser aprovado ainda em junho, mas o ministro do Desenvolvimento, Nelson de Souza, continua a defender-se sobre as opções que constam do documento (depois de ter sido criticado pela oposição, nomeadamente à direita). E, desta vez, cita mesmo o antigo ministro das Finanças, Vítor Gaspar para validar as escolhas feitas.

Nelson de Souza fez questão de lembrar que várias organizações internacionais têm defendido o investimento público como “a principal alavanca para os programas de apoio à recuperação e para a saída da crise”. Refere as opiniões dadas pelo BCE, a OCDE e o Fundo Monetário Internacional, mas é neste último caso que prefere centrar as atenções.

“Particularmente enfáticas foram, e são ainda, as recomendações do Fundo Monetário Internacional e do seu diretor para os assuntos orçamentais, o professor Vítor Gaspar, a favor da prescrição na aposta no investimento público como instrumento privilegiado em programas de recuperação económica”, disse o ministro no encerramento do seminário “Investimento Público Pós-Pandemia”, iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa em parceria com o DN.

“Em períodos de elevada incerteza, cada 1 por cento do PIB aplicado em investimento público tem como efeito, em primeiro lugar, um crescimento de 2,7% no PIB global num período de três anos”, refere o ministro, recordando o que o FMI escreveu no Fiscal Monitor, publicado em outubro.

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Além disso, “pode originar, através de um multiplicador, um efeito mesmo de aumento em 10% do investimento privado na economia, quer pelas expectativas geradas, quer pelas oportunidades reais que cria”.

E no emprego, “o mesmo efeito positivo é comprovado nas análises desta agência internacional, que conclui que cada milhão de dólares de investimento público em infraestruturas clássicas pode gerar entre dois a oito postos de trabalho, enquanto o investimento em I&D [investimento e desenvolvimento], na eletricidade verde e em edifícios eficientes pode induzir 5 a 14 postos de trabalho”.

Nelson de Souza referiu ainda que agora que “a grande maioria dos PRR dos diversos estados-membros já foi apresentado a Bruxelas” é possível fazer uma comparação entre o PRR português e os documentos da generalidade dos estados-membros. Conclusão?  Sejam de “grandes ou pequenos” países, e de “várias opções ideológicas em termos de governo”, o que o ministro conclui, dando como exemplo apenas Itália, é que, “afinal de contas, a estrutura e a opção básicas dos PRR não difere assim tanto, nomeadamente em matéria de alocação, nomeadamente, do investimento público e do investimento privado”.