Portugal e mais oito países da União Europeia (UE) garantiram esta segunda-feira continuar um diálogo regular entre indústrias de defesa a nível europeu, a fim de contribuir para uma Europa mais resiliente, reindustrializada e com autonomia.

Em declarações à Lusa, o presidente da IdD — Portugal Defence, Marco Capitão Ferreira, apontou que esta é uma “oportunidade” que surge ao abrigo do Fundo Europeu de Defesa, com um envelope financeiro de 8 mil milhões de euros para os próximos 7 anos, constituindo uma “alavanca” que pode potenciar a cooperação a nível europeu.

No primeiro diálogo, que aconteceu esta segunda-feira durante o seminário internacional de economia de defesa europeia, foram discutidos “temas estratégicos” sobre como é que as indústrias de defesa “podem contribuir para uma Europa mais resiliente, reindustrializada e com autonomia”, assinalou.

Além de Portugal, também Estónia, Letónia, Bélgica, Eslovénia, Itália, Finlândia, República Checa e Áustria farão parte do diálogo de representantes da indústria da defesa que se espera “regular” e que continuará já com a presidência eslovena.

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A expectativa, no entanto, é que a iniciativa venha a ser alargada: “conforme o diálogo das indústrias de defesa for dando frutos, mais países estarão interessados em participar”, assumiu Marco Capitão Ferreira.

Ainda que seja “apenas um primeiro passo”, o presidente da IdD — Portugal Defence salientou que a ideia deste diálogo é contribuir, “de uma perspetiva de quem trabalha no terreno, para discussões que às vezes são muito conceptuais em torno de como é que se assegura a soberania da Europa”, não só “no sentido clássico de defesa”, como também “tecnológica”.

Sendo uma área “que investe em investigação e desenvolvimento quatro vezes mais do que a média da economia, que cria postos de emprego qualificados e que tem uma capacidade e uma vocação exportadora muito acentuada” em Portugal, o objetivo é transferir para a esfera europeia aquilo que tem sido a política nacional em relação à base tecnológica da economia de defesa, apontou.

De acordo com Marco Capitão Ferreira, esta iniciativa visa ainda potenciar “as tecnologias desenvolvidas no âmbito da economia de defesa” que, normalmente, “dão origem a aplicações”.

Significa que o investimento nesta área depois tem um efeito de semente sobre o resto da economia. Portanto, puxa pela competitividade da economia como um todo”, explicou.

Em conclusão, o presidente do IdD realçou que, apesar de ter sido a primeira reunião, “conseguiu-se avançar bastante”.

“Estou convencido que, ao longo dos próximos semestres, mais países irão juntar-se porque juntos vamos conseguir complementar os “gaps” (lacunas) tecnológicos uns dos outros e transferir este efeito para a esfera europeia”, considerou.