O Brasil lançou nesta terça-feira uma campanha que permitirá aos parentes de pessoas desaparecidas doarem voluntariamente o seu ADN para comparar com dados genéticos de mais de três mil restos mortais sem identificação que foram recolhidos no país.

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública brasileiro, que dirige a campanha, o Banco Nacional de Perfis Genéticos possui atualmente 3.856 vestígios não identificados, dos quais possui o ADN de 3.088 pessoas.

A ideia é recolher amostras nos 27 estados do país entre os dias 14 e 18 de junho, numa campanha que, segundo nota emitida pelo governo brasileiro, “tem como objetivo principal coletar materiais biológicos de familiares e auxiliar na solução de casos de desaparecimento”.

O ADN será recolhido esfregando-se um cotonete na boca do voluntário, procedimento que será realizado sob todos os parâmetros de biossegurança exigidos pela pandemia do novo coronavírus. O material servirá para uma possível identificação do vínculo genético com as amostras já registadas no Banco Nacional de Perfis Genéticos e será utilizado exclusivamente para esse fim, segundo o governo brasileiro.

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Quanto mais pessoas doam, maiores são as possibilidades de cruzar informações e ajudar na identificação de pessoas desaparecidas no país”, afirmou o Ministério da Justiça em nota.

O lançamento da campanha acontece na data em que se comemora o Dia Internacional da Criança Desaparecida. Segundo dados do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos do Ministério Público (Sinalid), atualmente, 31,65% das pessoas desaparecidas no Brasil têm entre 12 e 17 anos.

A questão dos desaparecimentos no Brasil foi regulamentada por lei em 2019, portanto, o processo de implementação de um sistema de informação unificado e de uma política nacional está apenas no início.

Segundo especialistas, o facto de o Brasil não possuir dados consolidados a nível detalhado, unificado e atualizado sobre desaparecimentos, dificulta as buscas e impede o conhecimento da realidade deste fenómeno no país. De acordo com a última versão do Anuário de Segurança Pública, 79.839 pessoas desapareceram no Brasil em 2019 e outras 39.120 foram localizadas.

O governo brasileiro também disponibilizou o curso “Técnicas de Localização de Pessoas Desaparecidas” cujo material já está disponível para todos os profissionais do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) na plataforma de Ensino a Distância da Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública (Rede EaD-Segen). O objetivo do curso é capacitar os agentes para o enfrentamento ao desaparecimento de pessoas, de forma técnica, organizada e colaborativa.