A Câmara Municipal do Porto aprovou esta segunda-feira, com o voto contra da CDU e a abstenção do PSD, a continuidade do procedimento de contratação da empreitada de conceção e construção da nova ponte rodoviária sobre o Douro.

A proposta de autorização surgiu depois de, na reunião do executivo de 13 de maio, os vereadores do PS, PSD e CDU acusarem a maioria municipal de falta de transparência na discussão das opções do traçado para a nova ponte D. António Francisco dos Santos.

O custo da nova ponte, incluindo acessos, é de 36,9 milhões de euros — valor a que acrescem 1,63 milhões de euros para estudos.

Na reunião desta segunda-feira, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, afirmou “não ser aceitável” que, passados quase quatro anos, os vereadores sejam confrontados com “uma completa transformação” do projeto previsto para a ponte.

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“Não termos discutido isto é algo que considero profundamente negativo”, disse, questionando a maioria, liderada pelo independente Rui Moreira, se não seria antes possível o alargamento do tabuleiro inferior da ponte Luís I.

Em resposta à vereadora, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, lamentou as afirmações feitas por Ilda Figueiredo, defendendo que o tema já tinha sido discutido em reunião do executivo.

Quanto ao alargamento do tabuleiro inferior da ponte D. Luís, o autarca esclareceu que o mesmo foi “liminarmente recusado pela DGPC (Direção Geral do Património Cultural)”.

“Dizer que não foi pensado (o alargamento do tabuleiro) não corresponde à realidade. É uma falsidade”, afirmou o autarca.

Também o vereador social-democrata, Álvaro Almeida, considerou que o processo da nova ponte “tem corrido mal desde o início, atribuindo o “‘show off'” a Rui Moreira.

Se alguém quis montar um ‘show off’ foi o senhor presidente, que quis convocar uma reunião para uma quinta-feira, dia que não é habitual, sem justificar essa mudança de dia. Só no próprio dia é que percebemos o porquê”, salientou.

Álvaro Almeida disse ainda que a nova ponte “não foi justificada de forma clara”, em particular a razão da sua localização.

“Em 2018, o PSD solicitou estudos que justificassem que este era o melhor local, mas nunca nos foram apresentados”, disse, considerando que os estudos que não foram apresentados “diziam respeito a uma ponte que não é esta” agora apresentada.

Há muitos anos que o PSD defende a construção de uma ponte nova à quota baixa, mas até agora não nos mostraram que esta é a melhor solução”, defendeu.

Já o vereador Manuel Pizarro, do PS, lançou o desafio à maioria municipal de ponderar a existência de “uma ligação de acesso entre a quota alta e a quota baixa que seja transitável”.

“O concurso do lado do Porto já devia abranger esta solução de ligar as quotas”, disse, defendendo que para a mesma ser “útil” tem de contemplar esta ligação.

A nova travessia sobre o Douro ficará a montante da Ponte D. Luís, entre as pontes do Freixo (rodoviária) e de São João (ferroviária), e deverá estar concluída em 2025.

Na proposta que vai a concurso, a ponte terá uma extensão total de 625 metros, 300 dos quais sobre o rio, e um perfil transversal do tabuleiro de 21,50 metros, com separador central e duas faixas de rodagem com duas vias cada, uma ciclovia unidirecional em cada sentido, bem como, passeios.