Centenas de manifestantes saíram esta segunda-feira às ruas nos arredores da capital federal nigeriana, Abuja, bloqueando uma estrada num protesto contra o aumento acentuado de raptos por resgate na periferia da cidade.

Grupos de jovens montaram barricadas com pneus queimados no distrito de Tafa, na autoestrada que liga Abuja a Kaduna e que conduz ao norte do país, tendo incendiado também uma esquadra da polícia, noticia a agência France-Presse (AFP).

Enquanto marchavam pela estrada, os jovens cantaram e gritaram que “os raptos têm de parar”, num movimento de rebuliço e raiva.

“Há cinco dias raptaram quatro pessoas, e ontem (domingo) voltaram e raptaram 16”, gritou um deles, que não quis divulgar a sua identidade, como os restantes manifestantes.

Durante a tarde, a polícia anunciou que tinha dispersado os manifestantes com ajuda do Exército, permitindo retomar o tráfego. Até então, dezenas de camiões e camiões-cisterna ficaram bloqueados à saída da capital federal nigeriana.

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A Nigéria, país mais populoso de África, com cerca de 200 milhões de habitantes, é flagelada por muitos problemas de insegurança e, em particular, por um elevado número de raptos perpetrados por grupos criminosos que pretendem obter resgates.

Estes raptos costumavam visar cidadãos ricos ou trabalhadores expatriados envolvidos no negócio do petróleo, mas recentemente espalharam-se a todas as classes sociais, incluindo às mais pobres.

“Está a ficar fora de controlo”, alertou um manifestante, que acrescentou que “é sempre a mesma coisa: as forças de segurança chegam demasiado tarde e os raptores já partiram”.

Segundo os órgãos de comunicação social locais, citados pela AFP, 12 pessoas foram raptadas nesta estrada durante a última semana.

A polícia do estado nigeriano do Níger, que faz fronteira com Tafa, confirmou esta segunda-feira que seis pessoas foram raptadas na noite de domingo, mas condenou os protestos, que disse terem sido liderados por “bandidos”.

“Alguns bandidos bloquearam ambas as faixas da via rápida entre Abuja e Kaduna para protestar contra a escalada de raptos na sua comunidade”, afirmou o porta-voz da polícia local, Wasiu Abiodun, citado num comunicado, em que acrescentou que “os mesmos bandidos vandalizaram e atearam fogo à esquadra de polícia de Gauraka”.