O primeiro-ministro, António Costa, destacou esta terça-feira a “condenação unânime do terrorismo de Estado” por parte dos líderes da União Europeia (UE) relativamente ao desvio forçado de um voo comercial na Bielorrússia, exigindo a libertação imediata do ativista bielorrusso.

A noite de ontem (segunda-feira) foi dedicada sobretudo às questões de política externa e a prioridade foi a condenação unânime da operação de terrorismo de Estado desencadeada pela Bielorrússia tendo em vista a interceção de um voo de natureza comercial que se deslocava entre Atenas e Vílnius com o objetivo de capturar e deter um jornalista da oposição”, declarou António Costa.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas, no final de um Conselho Europeu marcado pela aplicação de proibições e sanções contra o regime bielorrusso, o chefe de Governo português acrescentou que “foi unânime a decisão de recomendar a todas as companhias europeias que não utilizem o espaço aéreo da Bielorrússia e de proibir a utilização do espaço aéreo europeu por qualquer aeronave bielorrussa”.

Além disso, os líderes exigiram “não só a libertação como também a liberdade de movimentos do jornalista, que tem que ser libertado”, concluiu António Costa.

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Em causa está o desvio forçado de um voo da Ryanair para Minsk (Bielorrússia) no domingo à tarde, a meio de uma viagem entre Atenas (Grécia) e Vílnius (Lituânia), que culminou com a detenção do jornalista e ativista bielorrusso Roman Protasevich.

Líderes europeus pedem medidas. Alemanha quer Lukashenko a “pagar um alto preço” pelo “ato infame”

Reunidos em Bruxelas, os líderes europeus acordaram na segunda-feira solicitar às companhia europeias para evitar o espaço aéreo bielorrusso, enquanto banem as transportadoras da Bielorrússia na Europa, exigindo ainda mais sanções contra o regime de Lukashenko.

De forma unânime, os chefes de Governo e de Estado da UE decidiram então “pedir ao Conselho para adotar as medidas necessárias para banir a entrada no espaço aéreo europeu de companhias aéreas da Bielorrússia e impedir o acesso dessas transportadoras aos aeroportos europeus”, segundo as conclusões adotadas no primeiro dia da cimeira europeia.

Resolveram, também, “pedir às companhias aéreas sediadas na UE para evitar sobrevoar a Bielorrússia” e ainda solicitar “ao Conselho para adotar novas sanções económicas específicas”.

Nessa tomada de posição, os 27 exigiram ainda uma “investigação urgente” por parte da Organização da Aviação Civil Internacional ao incidente, bem como a “libertação imediata” de Roman Protasevich e da sua namorada.

“[Lukashenko] já há muito tempo que mantém a sua própria população como refém. Mas isso não nos impede de lembrar o preço que terá de ser pago por esse ato infame”, frisou o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, numa conferência de imprensa, em Berlim.

Maas insistiu ser necessário deixar claro “a qualquer ditador” que terá de “pagar um alto preço”, sobretudo pela forma como prendeu o jornalista Roman Protasevich, depois de o avião comercial da companhia aérea Ryanair ter sido desviado para Minsk, quando fazia a ligação entre Atenas e Vílnius (Lituânia).

Este tema foi colocado na agenda do Conselho Europeu visando a aplicação de pesadas sanções à Bielorrússia, além das já existentes (de, por exemplo, congelamento de bens) contra o Presidente bielorrusso, Aleksandr Lukashenko, e opressores do regime.

Roman Protasevich, cujo canal Nexta na rede social Telegram se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020, acabou detido pelas autoridades bielorrussas no domingo, quando os cerca de 120 passageiros do avião da Ryanair foram forçados a submeter-se a novo controlo em Minsk devido a um suposto aviso de bomba.

Em outubro de 2020, a UE avançou com sanções contra Alexander Lukashenko, reforçando as medidas restritivas adotadas contra repressores das manifestações pacíficas no país.

As presidenciais de 9 de agosto na Bielorrússia deram a vitória a Lukashenko, com 80% dos votos, no poder há 26 anos, o que é contestado pela oposição e não é reconhecido pela UE.

*Notícia atualizada às 21h02 com declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros Alemão.