O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, defendeu esta terça-feira que o setor financeiro pode ter um “papel essencial” na promoção do investimento sustentável, ao ter em conta na análise de risco dos projetos o combate às alterações climáticas.

“O setor financeiro pode ter um papel essencial na promoção de investimentos verdes ao não ignorar o facto de que a análise de riscos dos projetos pode ser feita para combater as alterações climáticas”, sublinhou o governante, na sessão de abertura da videoconferência “Financiamento Sustentável: Novos Desenvolvimentos”.

Para o ministro, responsável também pela pasta da Ação Climática, a transição para uma economia neutra “com a proteção de biodiversidade e a promoção de recursos renováveis” tem o “potencial” de criar emprego e melhorar a vida de todos os cidadãos, contribuindo para “construir sociedades mais resilientes”.

Realçando que o objetivo de uma economia neutra em carbono até 2050 “exige um investimento significativo dos setores públicos e privados”, João Pedro Matos Fernandes argumentou que, para tal, “o sistema financeiro europeu tem que se tornar mais sustentável”.

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A União Europeia (UE) já tomou “passos decisivos” nesse sentido, ao oferecer instrumentos aos investidores “com maior transparência”, de modo a identificarem “oportunidades” de investimento sustentável, apontou.

Entre os principais instrumentos, o ministro destacou, além do “NextGenerationEU” no valor de 750 mil milhões de euros, o regulamento de taxonomia financeira sustentável, definindo-o como “essencial” para guiar os investidores na identificação de atividades sustentáveis.

A nível nacional, João Pedro Matos Fernandes frisou que 85% do Plano de Recuperação e Resiliência está alocado para investimentos sustentáveis, “que devem ser priorizados contribuindo para os objetivos climáticos e de energia, enquanto permitem estimular a economia”.

O ministro salientou ainda a importância do Banco de Fomento, que terá como principal atividade o financiamento da transição ecológica e digital.

Esta nova instituição, criada em 2020 e que terá acesso direto à garantia da UE, vai financiar diretamente as empresas, principalmente a longo prazo e em setores mais arriscados, para dar resposta às falhas de mercado na oferta de produtos financeiros, eliminando alguns custos da intermediação bancária.

O Banco de Fomento “deve ser um estímulo para desenvolver instrumentos financeiros chave para apoiar a transição para o modelo de economia neutra e circular, em linha com o desenvolvimento de finanças sustentáveis na UE”, disse Matos Fernandes, acrescentando que esta missão é “um mandato único” para canalizar finanças para a descarbonização.

Em conclusão, o governante apontou que estes instrumentos podem ajudar Portugal “a atingir as suas ambições climáticas e verdes”, pelo que os economistas devem desenvolver estas necessidades para apoiar o investimento sustentável.

João Pedro Matos Fernandes participou esta terça-feira na conferência digital “Financiamento Sustentável: Novos Desenvolvimentos”, organizada pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da UE.