Lisboa passou a estar na lista de concelhos sob alerta, o que significa que se voltar a ultrapassar a linha dos 120 mil casos de Covid-19 por cem mil habitantes congela no desconfinamento. O Governo assume que os “níveis de incidência crescentes são motivo de preocupação” e reforça os alertas sobre os cuidados a ter. “Toda a área de Lisboa e Vale do Tejo está com um crescimento e não podemos achar que só nos sítios onde a situação já é mais complicada é que temos de ter medidas de cautela”, afirmou esta quinta-feira a ministra da Presidência. E, se o desconfinamento não recuou, o discurso político já deu passos atrás, voltando à listagem de cuidados a ter.

O Conselho de Ministros voltou a rever as posições dos concelhos nas várias fases de desconfinamento e sublinha que “274 concelhos têm hoje as regras que se aplicam a todo o país”. Um ponto positivo, mas que não deixa o Governo mais confortável nesta altura. Mariana Vieira da Silva apareceu na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros com o discurso que já não se ouvia nestes briefings há mais de um mês.

“Quando temos o Rt acima de 1, o que isso significa é que os casos estão a crescer, é que temos de estar mais atentos, temos de estar ainda mais respeitadores de todas as regras, atentos a sintomas e cumprir ainda com mais força as medidas de saúde pública”, afirmou a ministra da Presidência apelando a que quem vive em regiões mais afetadas e se tiver contacto com público teste sempre que seja possível.

Uma das medidas de reforço na região de Lisboa é precisamente a “aceleração dos testes previstos”, com a realização de testes em pontos específicos onde foram identificados casos “como forma de poder acelerar o isolamento”. A ministra pede “cuidados reforçados” nesta altura e tenta afastar qualquer ideia de aligeiramento de critérios nesta fase. Não que ela não possa acontecer, mas o Governo não quer que essa ideia se sobreponha à de contenção que ainda é necessária.

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Esta sexta-feira vão ser apresentadas as conclusões do trabalho, pedido aos peritos pelo primeiro-ministro, de planear o verão, já tendo em conta o avanço da vacinação entre a população de risco. Só nos dias seguintes é que o Governo vai estabelecer um novo quadro de medidas, já tendo em conta a população imunizada. O Presidente da República já falou em alterar os critérios da matriz de risco (o tal quadro onde o ponto já se aproxima do amarelo), mas o Governo resiste em antecipar esse cenário.

“A matriz de risco foi uma solução que trouxe bons resultados e a solução que seguimos. Sempre dissemos que, com outras condições de vacinação, podemos olhar de outra forma para a matriz de risco”, afirmou a ministra que atirou para a próxima semana decisões sobre o futuro. “A partir dessa apresentação [no Infarmed] o Governo apresentará as suas decisões”, disse. Também é para os peritos que a ministra empurra a avaliação sobre o que terá provocado a situação em Lisboa e se terá sido com os festejos do campeonato nacional de futebol — continuam por conhecer os resultados do inquérito que o Governo determinou à gestão daquele dia nas ruas de LIsboa.

Ao lado de Mariana Vieira da Siva esteve o ministro das Finanças João Leão, para apresentar (entre outros assuntos) medidas de apoio aos setores mais afetados pela pandemia: turismo, restauração e cultura. Assim, entra em vigor em junho o IVAucher, com a criação de uma conta virtual de cada consumidor que tiver despesas nestes setores, acumulando crédito com a recuperação do IVA gasto que pode gastar mais adiante.

Para o futuro, o Governo também fez saber que está a ultimar o plano de recuperação de aprendizagem para 2021/2023 e que será apresentado na próxima terça-feira.