O Governo dos EUA informou esta quinta-feira a Rússia que não vai regressar a um decisivo pacto de controlo de armamento, apesar de as duas partes prepararem uma cimeira em junho entre os seus líderes.

Responsáveis oficiais norte-americanos indicaram que o secretário de Estado adjunto, Wendy Sherman, disse aos russos que a administração do Presidente Joe Biden decidiu não regressar ao Tratado sobre o Regime de Céu Aberto da Organização para a Segurança e Cooperação Europeia (OSCE), um pacto multilateral que permitia a vigilância dos voos sobre instalações militares nos dois países, e ao qual renunciou o antigo Presidente Donald Trump.

A decisão desta quinta-feira significa que apenas um importante tratado de controlo de armamento entre as potências nucleares, o Tratado New START, permanece em vigor. Trump não tomou qualquer iniciativa para prolongar o New START, que expirava no início do corrente ano, mas após assumir o poder a administração Biden decidiu de imediato prolongá-lo por mais cinco anos, e rever a decisão sobre a retirada do Tratado sobre o Regime de Céu Aberto.

Os responsáveis oficiais anunciaram a conclusão da análise e revelaram que Sherman informou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Ryabkov, da decisão norte-americana de não regressar ao Céu Aberto. Os mesmos responsáveis não foram autorizados a discutir o assunto publicamente e pronunciaram-se sob anonimato, indicou a agência noticiosa Associated Press (AP).

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A decisão surge a poucas semanas do encontro em Genebra, na Suíça, entre Joe Biden e o seu homólogo russo Vladimir Putin, com o objetivo de encontrar terreno comum num período de deterioração das relações entre Washington e Moscovo, no nível mais baixo desde há décadas.

Os Estados Unidos abandonaram oficialmente o Tratado sobre o Regime de Céu Aberto em novembro de 2020, com acusações à Rússia de “perverter” o pacto. Em resposta, a Rússia lamentou a decisão, e considerou que, com a retirada oficial dos Estados Unidos, no domingo, “o tratado perde viabilidade”.

Em maio, a Rússia indicava que o tratado não “estava morto” e que Moscovo se “comprometia com o acordo”, apesar de manifestar a intenção de se continuar a “comprometer” com o acordo.