A maior parte da corrupção é legal em Portugal, disse, na noite de sexta-feira, o líder do CDS-PP, que atacou o PS relacionando a “estagnação” do combate à corrupção com o “influente” poder socialista.

“A maior parte da corrupção em Portugal é legal. Ela está na promiscuidade entre a política e os negócios. Temos um ex-primeiro-ministro sentado no banco dos réus. Está na burocracia, na dependência do Estado, na administração pública que o PS controla”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos.

Discursando na Figueira da Foz, na sessão de apresentação pública de Miguel Mattos Chaves como candidato do CDS-PP à Câmara Municipal, Rodrigues dos Santos, classificou a situação como “um círculo vicioso terrível”.

“O controlo do Estado pelo PS, a pobreza, a dependência da administração pública e a burocracia são os principais instrumentos de corrupção no nosso país. E perante isto ouvimos um silêncio sepulcral do Partido Socialista”, notou.

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“A nossa liberdade está ameaçada quando Portugal é o país da Europa que menos combate a corrupção, estagnou este combate. […] Não é por caso que o combate à corrupção estagnou, numa altura em que a rede de poder do PS é hoje a mais influente de sempre”, acusou o presidente centrista.

Numa intervenção de quase 40 minutos, num jantar que reuniu cerca de 60 militantes e simpatizantes do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos acusou o PS de “minar a ascensão social através da corrupção” e de “criar uma economia de favor”, acrescentando que o socialismo “foge sempre das reformas corajosas porque quer uma gestão das clientelas, sem alarmismos e sem conflitos”.

“São os donos disto tudo”, enfatizou.

Segundo Francisco Rodrigues dos Santos, o socialismo “dá guarida a todos os temas fraturantes de que as minorias se lembram e tenta convertê-los em ideologia oficial do Estado”.

Considerando que, perante o socialismo, a liberdade “está ameaçada sob diferentes formas”, o líder do CDS-PP ‘pegou’ nos resultados dos rankings dos exames nacionais do ensino secundário para notar que a educação está “a pagar a fatura do sectarismo ideológico de Tiago Brandão Rodrigues, o ministro auxiliar da FENPROF [Federação Nacional dos Professores]”, sublinhou.

Acusou o PS de querer “esconder” estes dados “juntamente com a FENPROF, porque os mais pobres estão a ficar para trás por uma questão de ideologia do Partido Socialista”.

As críticas ao partido “que há mais anos governa” em Portugal e aos laços “que criou e ficaram ao longo de décadas” continuaram, com o PS a ser acusado de governar o país “com todos os vícios da decadência moral e política do comunismo e com todos os seus métodos brutais”

Francisco Rodrigues dos Santos exemplificou, entre outros, com o caso da alegada “falsificação do currículo do procurador europeu, feita pelo gabinete da ministra da Justiça, para lá colocar um ‘boy’ do Partido Socialista”, e o de Odemira, em que, no seu entender, “o ministro da Administração Interna violou princípios constitucionais como o direito à propriedade privada e à dignidade da pessoa para todos aqueles trabalhadores rurais”.

“E como se viu, recentemente, nestas negociatas no ministério do Ambiente, em que a secretária de Estado, quando era adjunta do ministro, ia ganhando concursos na área do Ambiente, enriquecendo à conta das ligações diretas que tinha ao ministério”, declarou.

“Portanto, quando todo o mundo está preocupado ao aquecimento global, o nosso ministério [do Ambiente] está focado no enriquecimento global dos seus funcionários”, ironizou Francisco Rodrigues dos Santos.