A líder da oposição bielorrussa, Sviatlana Tsikhanouskaya, disse este sábado, na Lituânia, onde está exilada, que irá continuar a lutar contra o regime autoritário da Bielorrússia, liderado por Lukashenko, que intercetou um avião europeu para deter um jornalista.

“Estamos aqui hoje para expressar nossa determinação em continuar a luta pela liberdade. Não vamos recuar”, disse Sviatlana Tsikhanouskaya, citada pela agência Associated Press (AP).

A Bielorrússia está submetida a intensa pressão internacional após ter desviado um avião da Ryanair, forçado a aterrar em Minsk em 23 de maio e que implicou a detenção do jornalista dissidente Roman Protasevich e da sua companheira, que seguiam a bordo.

Tsikhanouskaya falava num comício com cerca de 150 pessoas realizado na Lituânia, para onde milhares de bielorrussos fugiram no ano passado quando as autoridades iniciaram uma intensa repressão contra os opositores.

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Entre as centenas de pessoas que se reuniram hoje para apoiar a oposição bielorrussa, estavam os pais do jornalista preso.

A mãe, Natalia Protassevich, apelou a “todos os países da União Europeia e aos Estados Unidos” da América para ajudarem “a libertar Roman e Sofia [a companheira], bem como todos as outras pessoas presas” por razões políticas.

“Queremos viver num país livre, num país onde todos tenham o direito de expressar as suas convicções”, acrescentou o pai, Dmitri Protassevich, segundo a agência France-Presse. Cerca de 100 pessoas também se reuniram em Kiev, na Ucrânia, para criticar o Presidente bielorrusso.

“Uma Coreia do Norte está a ser construída passo a passo” na Bielorrússia, disse um manifestante, Syarhey Bulba, na capital ucraniana, citado pela AP.

Protasevich, 26 anos, cujo canal Nexta na rede social Telegram se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020, encontra-se detido em Minsk e já foi submetido a interrogatórios.

Os Presidentes da Rússia e da Bielorrússia, Vladimir Putin e Alexander Lukashenko, realizaram hoje um segundo dia de conversações, no meio do escândalo internacional causado pela intercetação de um avião europeu para deter um jornalista bielorrusso da oposição.

Lukashenko, que tem em Moscovo o principal aliado, foi recebido na sexta-feira e hoje por Putin em Sochi, cidade costeira russa nas margens do mar Negro, enquanto a Bielorrússia é alvo de medidas punitivas dos países do Ocidente.

As presidenciais de 09 de agosto de 2020 na Bielorrússia deram a vitória a Lukashenko, com 80% dos votos, no poder há 26 anos, um escrutínio contestado pela oposição e que não é reconhecido pelos países ocidentais.