O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, sugeriu este sábado a criação de um novo “espaço de diálogo” para pôr fim ao conflito armado no centro de Moçambique.
“Queremos apelar ao Governo para encontrar um espaço de diálogo para discutir e solucionar as diferenças que o opõe à autoproclamada Junta militar da Renamo”, afirmou José Domingo, secretário-geral do MDM, na abertura do conselho nacional extraordinário do partido, que decore na cidade da Beira.
Em causa estão os ataques armados atribuídos a um grupo dissidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto de 2019 em estradas e povoações das províncias de Manica e Sofala.
O grupo, chefiado por um antigo guerrilheiro da Renamo, contesta a liderança do partido e exige a renegociação do acordo de paz assinado em agosto de 2019 entre o Governo e a principal força de oposição moçambicana.
Para o secretário-geral do MDM, o Governo deve encontrar formas de limar as diferenças com o grupo, criando espaço para um novo diálogo sem “arrogância”, como forma de proteger a vida dos moçambicanos. É preciso “discutir e selecionar diferenças”, visando o fim imediato “das hostilidades”, frisou José Domingos.
“Nós dizemos não à arrogância”, acrescentou.
Além do conflito no centro do país, o MDM reiterou a sua preocupação com a situação dos deslocados devido aos ataques terroristas na província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique.
“O MDM visitou os centros de acomodação. A situação de fome em que vivem os nossos irmãos em Cabo Delegado é extremamente preocupante, facto que nos leva a concluir que é necessária uma urgente solução para que se pare com as matanças”, declarou.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.
A reunião do MDM de dois dias, por sinal a primeira de mais alto nível desde a morte do seu presidente, Daviz Simango, em 22 de fevereiro, conta com a participação de quase 150 membros oriundos de todas as 11 províncias do país.
Além de debater a situação do partido, o encontro vai definir a data para a realização do congresso onde se vai eleger o novo presidente para a força política.
O MDM tem seis deputados na Assembleia da República, dominada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, com 184 deputados, seguida da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, com 60.