A deputada do PCP Alma Rivera considerou esta segunda-feira que existe nos Açores uma visão do turismo “desligada” da salvaguarda do ambiente, que constitui o “garante” do setor na região autónoma.

Ao proceder a um balanço de uma visita de três dias aos Açores, a deputada na Assembleia da República considerou que existe “uma visão do turismo desligada das potencialidades e da salvaguarda dos valores ambientais, que são também o garante do setor na região”.

A parlamentar referiu que o turismo está a promover um “excessivo atropelo do desenvolvimento do território, da orla costeira, havendo o perigo de construir hotéis em zonas que são primeiro de usufruto das populações”, exemplificando com a zona dos Poços de São Vicente, na ilha de São Miguel.

“Há a necessidade do ponto de vista de salvaguarda ambiental mais sério, dotado de meios e, já agora, dos instrumentos legais, neste caso do Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores (POTRAA), que permite que o turismo seja sustentável em termos ambientais e sociais“, declarou a deputada comunista.

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Sobre o processo de incineração, Alma Rivera considerou que já existe uma outra incineradora na ilha Terceira, além da que se pretende construir em São Miguel, “não havendo quantidades que justifiquem este investimento”. Para a deputada, a opção deveria ser “aumentar a recolha seletiva” e promover a “valorização através da reciclagem” por via da realização de investimentos.

Apesar da contestação social e das associações ambientais, a par de algumas forças políticas, a propósito da construção de uma incineradora em São Miguel, o secretário do Ambiente e Alterações Climáticas do Governo dos Açores, Alonso Miguel, já disse que o executivo “não tem qualquer intenção de interferir” nas competências dos municípios.

Ouvido na comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do parlamento açoriano, em 28 de maio, Alonso Miguel referiu que o Governo Regional “demonstrou total disponibilidade para dialogar sobre eventuais alternativas” à construção de uma central de valorização energética em São Miguel. Contudo, referiu o governante, o entendimento da Associação de Municípios de São Miguel (AMISM) é que a “solução está encontrada”.

A deputada esteve reunida esta segunda-feira com a direção da Cooperativa Porto de Abrigo, com quem abordou a sustentabilidade do setor, referindo que “as compensações que são devidas para as paragens para o defeso biológico não chegam ou chegam tarde ou são devidas passado muito tempo“, o que “põe em causa a vida de quem vive da pesca”.