Francisco Rodrigues dos Santos apenas admite ter procurado a “pacificação do partido”, quando fez um discurso de toca a reunir na reunião da Comissão Política desta segunda-feira. Numa intervenção enquanto decorria o Conselho Nacional, o presidente do CDS disse esta terça-feira que as declarações que lhe foram atribuídas — em que terá dito que acha “que não há solução para isto [o CDS]” — foram “descontextualizadas”. O líder centrista sugeriu ainda que, ao contrário de si, os críticos o minavam na imprensa escudando-se no anonimato: “Eu não falo em off. O que eu digo foi transmitido durante o ano pelas televisões.”

Quanto às autárquicas, outro dos temas em análise no Conselho Nacional, o líder do CDS diz que o objetivo é “combater a esquerda” e demonstrar que o CDS sabe “dialogar com o centro e a direita“. Nesse sentido, os grandes objetivos que traça são os seguintes: “Retirar a esquerda do poder no maior número de autarquias, aumentar os eleitos do CDS, reforçar a marca de proximidade em cada terra”.

Sobre se se afasta caso não consiga atingir estas metas, Francisco Rodrigues dos Santos diz que tal como uma empresa “depende da faturação”, a “liderança de um partido depende dos resultados eleitorais”. E recordou que apoiou o candidato que venceu as Presidenciais e que o CDS chegou ao Governo dos Açores na sua liderança”.

CDS concorre coligado com a IL em Olhão. Coligação liderada por Almeida não está na lista

Um dos pontos relacionados com as autárquicas no Conselho Nacional é aprovar a primeira lista de coligações em que o CDS está envolvido. No documento que será levado ao órgão máximo entre Congressos, o CDS apresenta para já como fechadas apenas duas coligações com o PSD em que lidera: em Montemor-o-Novo e em Mora (neste caso inclui também o PPM). De fora estão ainda outros casos como São João da Madeira, onde o candidato é João Almeida, que ainda não será aprovado nesta reunião. “Queremos seguir os trâmites todos para não melindrar as estruturas, mas aprovaremos em Conselhos Nacionais futuros”.

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Destaque também para uma coligação do CDS com um partido com quem concorre muito diretamente no espaço da direita liberal: a IL. Em Olhão, os centristas vão liderar a coligação, que também incluirá a Iniciativa Liberal. Já em Portimão, vão coligados com Nós Cidadãos e com o Aliança. Já coligações só com o PSD são 50, às quais se seguem uma coligação com o PSD e a Aliança (no Montijo), com o PSD e o MPT (em Alcanena) ou com o PSD e PPM (Torres Vedras).

Resultados de 2020 “positivos” foram aprovados pelos conselheiros

Num Conselho Nacional que servia também para aprovar as contas de 2020, Francisco Rodrigues dos Santos dizia no início da reunião que o CDS conseguiu fechar o ano “com resultados positivos, reduziu a dívida e recuperou a credibilidade do partido. ” As contas, segundo apurou o Observador junto de fontes presentes na reunião, foram aprovadas com 25 abstenções e 2 votos contra.

O líder do CDS dizia antes da aprovação que o documento, que será votado esta terça-feira, é “rigoroso, credível, recupera a situação dramática em que o partido vivia”. Rodrigues dos Santos recorda que herdou da direção de Assunção Cristas uma “situação financeira verdadeiramente devastadora.”

O presidente centrista lembrou que o CDS tinha um “passivo muito avultado” e havia um “estrangulamento da tesouraria” que “tornava a missão de sanar as contas numa tarefa impossível”. Regojiza-se, no entanto, por ter conseguido melhorar as contas “num ano de pandemia, onde tivemos de apoiar os nossos candidatos nos Açores, onde chegámos ao poder pela primeira vez, num resultado histórico”.

Comissão política com discurso acalorado

Horas antes do início do Conselho Nacional a revista Sábado divulgou a intervenção de Francisco Rodrigues dos Santos na reunião da Comissão Política do CDS que decorreu na segunda-feira. Citado pela revista o líder do CDS diz que o facto de não sentir apoio do partido e ser atacado pelos críticos é algo que o está a “saturar, porque é mau de mais”. Francisco Rodrigues dos Santos fazum desabafo preocupado: “Começo a achar que não há solução para isto, porque eles têm um poder tal para controlar os media, as pessoas que comentam na televisão, os que aparecem nos canais, os que escrevem nos jornais.”

Mas depois faz um apelo a que se cerrem fileiras, numa crítica velada aos seus apoiantes, que sugere não estarem a fazer tudo o que podem para o sucesso da direção. “Há uma altura em que as pessoas têm de refletir: ou estamos todos ou não estamos. Ou vamos à luta ou não vamos”. E viria mesmo a dizer, também citado pela Sábado: “Se não querem, venha de lá o Mota Soares e a Cecília Meireles”.

Artigo atualizado às 00h25 com o resultado da votação das contas do CDS de 2020