Os técnicos do Ministério da Agricultura estão esta terça-feira a fazer o levantamento dos prejuízos causados pelo granizo e chuva intensa em vinhas e pomares de aldeias de Vila Real, inseridas na região do Douro, segundo foi anunciado.

Ao final da tarde de segunda-feira, e durante vários minutos, caiu granizo com muita intensidade e descrito como sendo do tamanho de “nozes” ou de bolas de “pingue-pongue” no território de Vila Real, acompanhado de chuva intensa.

O mau tempo provocou estragos na agricultura, como em vinhas inseridas na Região Demarcada do Douro, em árvores de fruto e produtos hortícolas, arrastando detritos para as estradas, e há ainda relatos de estragos em carros e até em coberturas de casas e armazéns devido à dimensão das pedras de granizo.

O Ministério da Agricultura disse esta terça-feira, em comunicado, que as equipas da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) “já estão no terreno a proceder ao levantamento dos prejuízos causados” e adiantou que, com base no levantamento efetuado, “avaliará as medidas a adotar”.

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O comunicado refere ainda que o Ministério da Agricultura “tem vindo a apoiar os prémios dos seguros de colheita, através da medida 6.1.1 — Seguros do PDR2020 e do Programa de Apoio ao Setor do Vinho (PNASV), de modo a reduzir os encargos para o agricultor, permitindo segurar a produção e garantindo uma indemnização em caso de sinistro de origem meteorológica”. Já este ano, acrescenta, “procedeu a uma revisão do regulamento do seguro de colheitas e da compensação de sinistralidade, aumentando a bonificação atribuída”.

Nas últimas três campanhas (2018, 2019 e 2020), o ministério, através do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), procedeu ao pagamento de “cerca de 45,7 milhões de euros de apoio aos prémios de seguro contratados no âmbito dos seguros de colheitas”.

A DRAPN, através da Estação de Avisos do Douro, alertou também os produtores para começarem imediatamente a aplicar um tratamento para ajudar a cicatrizar as videiras, nomeadamente adubo foliar com elevada percentagem de cálcio.

Na aldeia de Guiães, na zona sul do concelho de Vila Real, a chuva forte chegou acompanhada de granizo, deixando um cenário nas vinhas de videiras que ficaram “apenas com as varas” e perderam “as folhas e os cachos de uvas que já estavam formados”. “Tenho quase 50 anos e nunca vi nada assim. A trovoada destruiu tudo. Foi muito grave”, afirmou à Lusa o viticultor e presidente da Associação de Agricultores Corgo e Douro (Corgidouro), Fernando Borges.

Na freguesia vizinha de Abaças, o presidente da junta, Filipe Brigas, disse haver zonas “onde as vindimas estão feitas” e falou numa “catástrofe” que atingiu as aldeias daquela zona do concelho de Vila Real onde a vinha e o vinho são a principal atividade económica. “Nunca vi assim granizo tão grande na minha vida”, frisou o autarca que também é viticultor.

Após a tempestade de granizo, foram muitos os que partilharam fotografias nas redes sociais, bem como na página de Facebook “Meteo Trás-os-Montes”.

Prejuizos de “meio milhão” de euros em carros de stands em Vila Real

Os estragos provocados pelo granizo em carros para venda nos cerca de 20 stands localizados na zona industrial de Vila Real poderão ultrapassar “o meio milhão de euros”, segundo um levantamento inicial feito pelo município.

Nuno Augusto, vereador da Câmara de Vila Real com os pelouro do desenvolvimento económico e desemprego, disse à agência Lusa que a queda intensa de granizo provocou “prejuízos avultados” nas viaturas dos stands que se encontravam em exposição no exterior.

O mau tempo provocou estragos em vários setores da economia, como a agricultura, atingindo vinhas inseridas na Região Demarcada do Douro, em árvores de fruto, como maçãs e cerejas, e ainda produtos hortícolas. Há ainda relatos de estragos em carros de particulares e até em coberturas de casas e armazéns devido à dimensão das pedras de granizo.

As freguesias afetadas são desde Guiães, Abaças, Andrães e Constantim.

Nuno Augusto referiu que a câmara está, conjuntamente com as empresas de carros, a fazer um levantamento dos danos provocados e está a sensibilizar o ministério da Economia no sentido de “tentar arranjar alguma solução que possa minimizar os prejuízos”.

Até ao momento, adiantou, uma primeira estimativa aponta para prejuízos que ultrapassam o “meio milhão de euros” neste setor.

O responsável referiu a existência dos seguros, no entanto afirmou que “esta é uma situação única”. “Não nos lembramos de ter acontecido algo idêntico, ou seja, a queda de pedra que provocou mesmo danos, estamos a falar em para-brisas e vidros partidos, capôs e tejadilhos amolados”, referiu o vereador.

PSD questiona Governo sobre apoios aos agricultores de Vila Real

O PSD questionou esta terça-feira o ministério da Agricultura sobre as medidas que estão a ser equacionadas para ajudar os produtores afetados pela intensa queda de granizo em Vila Real.

Através de uma pergunta entregue na Assembleia da República, os deputados do PSD questionaram a ministra da Agricultura sobre o “fenómeno climático extremo, de chuva forte acompanhada de granizo” que, na segunda-feira, “provocou uma devastação profunda em algumas culturas agrícolas localizadas nos vários concelhos de Vila Real, inseridas na região do Douro”.

A intensidade do episódio foi de tal forma severa que se estimam elevados prejuízos em vinhas, inclusive nas localizadas na Região Demarcada do Douro, em culturas perenes de fruticultura e em culturas temporárias”, referiram os parlamentares.

O PSD citou agentes locais que se queixam de que “as produções agrícolas na vinha e em outras culturas estão comprometidas na sua quase totalidade para o presente ano” e referiu que “será necessário o restabelecimento de diversas infraestruturas agrícolas, bem como em estradas, muros e caminhos”.

O PSD quer saber qual o valor da avaliação dos prejuízos efetuada, qual o prejuízo na área da vinha e qual a área afetada localizada na Região Demarcada do Douro. Os deputados questionaram ainda o ministério sobre quais as freguesias e concelhos abrangidos no levantamento dos prejuízos, qual o prazo previsto para definir as medidas adotar, que tipo de medidas estão a ser equacionadas e se estão ou não a ser ponderadas ajudas específicas por tipo de cultura.

Ao final da manhã desta terça-feira, a DRAPN informou que foram avaliados cerca de 400 hectares de vinha nas freguesias de Guiães e Abaças, em Vila Real, com cerca de 60% de prejuízos estimados.

Artigo atualizado às 19h47