A candidata do BE à Câmara da Amadora, Deolinda Martin, pediu esta quinta-feira um “mandato popular” para habitação digna e combate às desigualdades num concelho onde o caminho não pode ser “o do bastão” nem “recurso à intervenção musculada”.

Deolinda Martin é vereadora do Bloco de Esquerda na Câmara da Amadora desde as últimas eleições autárquicas de 2017, uma estreia na vereação daquela autarquia, voltando agora a candidatar-se ao mesmo concelho.

A apresentação dos candidatos autárquicos à Amadora, que decorreu esta tarde no Parque Central da Amadora, distrito de Lisboa, contou com a presença da coordenadora do BE, Catarina Martins, que considerou que a “Amadora é uma extraordinária lição de vida”, enaltecendo que quem ali vive tem um enorme orgulho no seu concelho, construído por “gente de trabalho”.

Já a candidata à Câmara da Amadora pelos bloquistas referiu que, à pergunta “se valeu a pena votar no BE” nas últimas autárquicas, se deve responder o trabalho feito, destacando quatro propostas do partido que foram aprovadas por unanimidade.

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Para além de uma proposta na área do bem-estar animal e de uma outra na regulação do estacionamento para pessoas com deficiência, o BE afirma que conseguiu que a Amadora tenha sido o primeiro concelho a aprovar a “aplicação da automatização da tarifa social da água” e a hastear a bandeira LGBT+ no Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.

Agora, os bloquistas apresentam-se de novo ao concelho e pedem um “mandato popular para poder ir mais longe”, que de acordo com Deolinda Martin começa por uma habitação municipal digna, ou seja, “habitação para todos e todas”.

Apesar da evolução nos transportes, para a candidata bloquista “ainda falta muito para o objetivo de mobilidade estar cumprido”, desde logo na necessidade de uma “melhor ligação entre as freguesias do concelho”, pedindo assim um “mandato popular para mais e melhores transportes”.

“Conhecemos bem os problemas complexos da cidade, não os negamos, mas temos a certeza de que não é com voluntarismos unipessoais que se encontrarão as soluções. É no diálogo com quem os vive, no debate entre instituições, na comunidade, envolvendo a população, com mais democracia participativa, que se fará o caminho de cidade que sonhamos: diversa, a abraçar as várias culturas que nelas vivem, a responder ao combate às desigualdades”, defendeu.

Para a vereadora do BE, o caminho não pode ser “o do bastão” ou do “recurso à intervenção musculada, discriminando pessoas, colando-lhes na cor o rótulo de marginalidade”.

“Sim, existe racismo, o privilégio alimenta-o, cria a exclusão. Alimenta problemas para chamar de problemáticas as pessoas atingidas. Ele existe, temos de o combater”, criticou.

Deolinda Martin pediu assim “um mandato popular para o combate às desigualdades, por emprego digno e com direitos, pela ‘destroikização’ do Código de Trabalho e contra a precariedade”.

“Sabemos bem o que custou a conquistar muitos desses direitos, muitos deles roubados pelo mesmo PSD que agora aparece com uma cara lavada, como se não tivesse toda a culpa no cartório. Estivemos nas lutas, nas manifestações, nas vigílias e nas greves para os conquistarmos”, recordou.

Como nada foi oferecido “de mão beijada”, a bloquista avisou “os arautos da salvação, com discursos de ilusão, populistas”: “Nós, que comemos o pão que o diabo amassou, não os deixaremos passar”.

Foram também já divulgadas publicamente as candidaturas para a Câmara da Amadora de Suzana Garcia (PSD) e António Borges (CDU).

Em maio, a concelhia do CDS-PP aprovou a constituição de uma coligação com o PSD e o líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, disse depois que a direção iria “avaliar e respeitar” a opinião dos órgãos locais.

O atual executivo da Amadora, presidido pela socialista Carla Tavares, é formado por sete eleitos do PS, dois da coligação Amadora Mais (PSD/CDS-PP), um da CDU e um do BE.

As eleições autárquicas ainda não têm data marcada pelo Governo, mas, segundo a lei, terão de realizar-se entre 22 de setembro e 14 de outubro.