A tenente-coronel portuguesa Diana Morais assume sexta-feira a presidência do Comité para a Perspetiva de Género da NATO, um órgão criado em 1976 e que visa reforçar a perspetiva de género nas missões militares.

Apontando que a Aliança Atlântica “está num processo de reflexão” sobre o que vai ser o seu futuro, através da iniciativa ‘NATO 2030’, Diana Morais considera que este é um “excelente ano” para a organização “olhar para dentro”.

“Às vezes a sensação que tenho é que ainda persiste aquela imagem de quase há 60 anos atrás que nós somos um grupo de mulheres que se junta uma vez por ano para discutir assuntos de mulheres e nós somos muito mais do que isso. Porque a dimensão de género nas operações militares e a importância da integração da perspetiva de forma transversal, seja internamente, seja externamente, é fundamental”, considerou, em declarações à Lusa.

O Comité para a Perspetiva de Género, criado em 1976, é um dos mais antigos da NATO. Este órgão de aconselhamento do Comité Militar em assuntos de género para as Forças Armadas da Aliança promove a integração da perspetiva de género nas operações militares e a concretização de resoluções das Nações Unidas relevantes nesta área.

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Salientando que a NATO é uma instituição político-militar, a responsável defendeu, no âmbito da integração da perspetiva de género, uma “presença mais robusta do lado militar” que “consiga acompanhar a estrutura que existe do lado político”.

“Eu julgo que ainda não é bem claro, no seio da NATO, qual é que é o papel deste comité e eu gostava imenso de mudar isso”, rematou.

A militar toma posse na sexta-feira, em Bruxelas, como presidente do Comité para a Perspetiva de Género da NATO, sendo a primeira vez que uma portuguesa ocupa o cargo desde a sua criação, sucedendo à tenente-coronel holandesa Corine Van Nieuwburg-Hofte, para um mandato de dois anos.

Diana Morais, que também é coordenadora do Gabinete da Igualdade do ministério da Defesa Nacional, considerou que já tem “um background de quatro anos” a trabalhar neste comité (foi também vice-presidente) o que lhe dá “uma boa bagagem” para as suas novas funções.

A tenente-coronel defendeu que seria benéfico para o Comité ter membros em permanência no quartel-general, afirmando que o facto de “nenhum dos membros do comité ter obrigatoriamente que estar em permanência no quartel-general da NATO, a trabalhar lá, traz muitas dificuldades”.

“Porque é preciso perceber como é que funciona a NATO, quais são as estruturas, como é que nós lidamos com os vários órgãos e as várias entidades dentro da NATO, e isso é um conhecimento que só se tem quando se trabalha lá”, concretizou.

“O passo seguinte, julgo que é este: dentro da NATO, olharem para o comité de uma forma diferente, e que o comité possa dar um contributo mais válido à NATO”, avançou, acrescentando que “é difícil acompanhar o desenvolvimento das recomendações feitas ao Comité Militar” à distância e que a integração da perspetiva de género não pode ser discutida apenas uma vez por ano.