O presidente do PS de Lisboa acusou esta sexta-feira o candidato social-democrata à autarquia lisboeta, Carlos Moedas, de aproveitamento político ao relacionar o aumento de casos de Covid-19 no concelho com a exclusão de Portugal da “lista verde” britânica de viagens internacionais.

“As duas faces de Moedas demoraram dois dias para se revelar. No espaço de 48 horas, o candidato do PSD à Câmara de Lisboa conseguiu criticar Fernando Medina [presidente da Câmara de Lisboa] por não permitir a existência de arraiais na noite de Santo António e responsabilizar a autarquia por não ter ‘agido preventivamente e planeado a necessária fase de desconfinamento'”, afirma Sérgio Cintra num comunicado enviado às redações.

Para o presidente do PS de Lisboa, “se o primeiro caso revela a impreparação própria de quem não conhece a cidade” e a “dinâmica popular que junta mais de meio milhão de pessoas na noite de Santo António”, o segundo é “uma tentativa despudorada de aproveitamento político e baixa política de quem se sente à vontade para poder dizer tudo e o seu contrário em apenas dois dias”.

Sérgio Cintra defende que Carlos Moedas “adotou uma agenda que segue apenas a necessidade permanente de discordar por discordar, mesmo em matérias sensíveis como a saúde pública, para criar ruído a ver se alguém repara que a sua campanha existe”.

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Uma tática da terra queimada que chega ao ponto de o candidato do PSD à maior autarquia do país contrariar o líder do seu partido segundos depois deste afirmar que ‘um presidente de câmara, em minha opinião, não deve criar as condições para que as pessoas venham para a rua'”, acrescenta.

Carlos Moedas, que encabeça a coligação Novos Tempos à autarquia lisboeta, que junta PSD, CDS-PP, PPM, MPT e Aliança, disse na quinta-feira que a exclusão de Portugal da “lista verde” britânica de viagens internacionais devido à Covid-19 “não é alheia ao aumento de casos no concelho”, acusando Fernando Medina de “incompetência”.

“A incompetência e a falta de liderança de Fernando Medina prejudicam a recuperação do turismo, da economia e coloca a vida das pessoas num limbo”, afirmou em comunicado. “Tivesse Fernando Medina agido preventivamente e planeado a necessária fase de desconfinamento e hoje os lisboetas não estariam novamente a viver um clima de incerteza”, acrescentou.

Portugal vai sair da “lista verde” de viagens internacionais do governo britânico devido à descoberta de novas variantes e ao aumento do número de infeções nas últimas semanas, confirmou na quinta-feira o ministro dos Transportes britânico, Grant Shapps.

O ministro disse numa entrevista transmitida na Sky News que foi uma “decisão difícil de tomar”, invocando duas principais razões que estão a causar preocupação nas autoridades britânicas. “Uma é que a taxa de positividade quase duplicou desde a última revisão em Portugal e a outra é que há uma espécie de mutação do Nepal da chamada variante indiana que foi detetada e simplesmente não sabemos o potencial que pode ter para resistir à vacina”, explicou.

Shapps disse que o governo quer garantir que o país não importa mais variantes que ponham em causa o plano de desconfinamento, nomeadamente a quarta etapa prevista para 21 de junho, quando se espera que sejam levantadas todas as restrições.

A medida deverá entrar em vigor a partir das 04h00 de terça-feira, quando Portugal passa para a lista “amarela”, avançou o Daily Telegraph. Os países na “lista amarela” estão sujeitos a restrições mais apertadas, nomeadamente uma quarentena de dez dias na chegada ao Reino Unido e dois testes PCR, no segundo e oitavo dia, como já acontece com a maioria dos países europeus, como Espanha, França e Grécia.

Portugal era até agora o único país da União Europeia na “lista verde”, que isenta os viajantes de quarentena no regresso a território britânico, em vigor desde 17 de maio.