Contra todas as expetativas, e depois de uma temporada imaculada em que fez história ao tornar-se a primeira equipa de sempre no plano nacional a ser campeão só com vitórias, o FC Porto enfrentou inesperados problemas nas meias-finais da Taça de Portugal frente ao Águas Santas. Esteve mesmo a perder por quatro na primeira parte, andou atrás nos últimos minutos, acabou por ganhar no prolongamento. Apesar do susto com os maiatos, os dragões somaram o 34.º triunfo da temporada noutros tantos jogos em Portugal. E estava a um não só de ser também o primeiro a fazer uma época só com vitórias mas também de fechar com mais um troféu.

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No entanto, este seria o encontro mais complicado para os comandados de Magnus Andersson, também pelo que se viu nas meias-finais. Entre as provas nacionais e a Liga dos Campeões, o FC Porto levava já 50 jogos oficiais, tendo pelo meio um Campeonato do Mundo e uma qualificação olímpica da Seleção que tem na sua base vários jogadores dos dragões mais o embate psicológico da perda de Alfredo Quintana, o elemento mais importante dentro e fora de campo para a equipa. Esse desgaste, tantas vezes disfarçado com um resto de energia que ia sempre surgindo, foi bem visível com os maiatos e seria um desafio no Pavilhão Multiusos de Pinhel.

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Do outro lado, o Benfica tentava somar aquela que poderia ser a terceira Taça de Portugal nas últimas cinco edições e que tinha condições para equilibrar uma época sem motivos de destaque entre um terceiro lugar no Campeonato e uma passagem sem grande brilho pelas provas europeias. E também no caso dos encarnados a parte do desgaste foi um fator importante no triunfo na meia-final contra o Sporting, sobretudo na segunda parte de um encontro que foi sempre muito equilibrado mas que caiu para as águias nos últimos minutos pela maior disponibilidade física e mental sobretudo na defesa que acabou por fazer a diferença, com Sergey Hernández em grande destaque na baliza e Petar Djordjic a fazer mais um jogo com mais de dez golos (12).

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Estas seriam as principais características do último jogo da temporada, antes de todas as atenções se centrarem na preparação da Seleção para a primeira participação de sempre nos Jogos Olímpicos (com umas férias pelo meio, claro). E a época que ninguém gostaria de ter nem recordar, marcada pelo desaparecimento prematuro do gigante Alfredo Quintana, acabou por ser a melhor de sempre do FC Porto: após ter conseguido revalidar o Campeonato só com vitórias, os dragões conseguiram ganhar também de novo a Taça de Portugal depois de uma vitória por 31-27 frente ao Benfica, acabando com 35 vitórias noutros tantos encontros no plano nacional uma temporada onde ficou também apenas a um golo de chegar pela primeira vez aos quartos da Champions.

A final começou com um FC Porto bem mais dinâmico em termos ofensivos, com golos de primeira linha e bom jogo com os pivôs, mas com o Benfica a manter-se sempre colado no marcador graças aos remates de primeira linha ou livres de sete metros de Petar Djordjic, de novo a grande figura dos encarnados. No entanto, e após uma primeira exclusão de dois minutos a Matic Suholeznik, os dragões assumiram o jogo, apesar de dois remates na trave e uma situação de passos sem guarda-redes de Salina, e chegaram aos três golos de avanço (6-3) antes de uma pequena reação dos lisboetas a colocar o resultado em 7-5 entre mais algumas exclusões.

Os dragões estavam melhor e mais confortáveis no encontro mas a exclusão de Daymaro Salina, que gerou alguma confusão porque não se tinha percebido que uma das sanções tinha sido dupla, propiciou um período de retoma dos encarnados, com Paulo Moreno a juntar-se a Djordjic nas principais referências ofensivas que ainda conseguiram reduzir a desvantagem para apenas um golo (10-9), antes de nova aceleração dos azuis e brancos na parte final já com Miguel Martins em campo que valeu a vantagem de dois golos ao intervalo (16-14).

O segundo tempo começou com mais confusões junto da mesa, que valeram a Magnus Andersson um amarelo ainda antes do reinício e depois dois minutos a Ole Rahmel que foram retirados por não ter havido qualquer irregularidade nas trocas defesa/ataque (a equipa de arbitragem foi a pior das três, com um critério demasiado apertado que prejudicou o jogo), mas as mesmas características, sem que o Benfica conseguisse colar de vez no marcador e sem que o FC Porto aumentasse a vantagem para números não recuperáveis. A 17 minutos do final acabou por surgir a tal sentença: Kévynn Nyokas viu vermelho direto num lance em que atingiu a cara de Fábio Magalhães, Paulo Moreno foi expulso pela terceira exclusão e os dragões não mais permitiram que o encontro se voltasse a equilibrar, fazendo a festa com um triunfo por 31-27 a fechar a época num jogo que teria ainda mais vermelhos por exclusões entre o treinador do Benfica, Chema Rodríguez, e Djibril M’Bengue.