Primeiro é preciso que o Bloco de Esquerda consiga eleger um vereador à Câmara do Porto nas próximas autárquicas. Mas se isso acontecer, disse este domingo Catarina Martins, a coordenadora do partido, haverá uma oposição que diz “não aos negócios privados de Rui Moreira”.

“Não seremos com certeza mais uma oposição do tipo biombo de sala na Câmara Municipal do Porto. Dessa [oposição] temos tido bastante. Seremos sim, a oposição firme que tem faltado. A que diz não a Rui Moreira, quando quer fazer da cidade negócio. A que denuncia os negócios de Rui Moreira, quando põe os seus negócios privados à frente dos interesses da Câmara [do Porto]”, declarou a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, referindo-se ao processo Selminho.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, vai a julgamento no processo Selminho, onde é acusado de favorecer a imobiliária da família, da qual era sócio, em detrimento do município, decidiu, a 18 de maio, o Tribunal de Instrução do Porto.

No discurso, de cerca de um quarto de hora, no âmbito da apresentação do candidato do BE à Câmara Municipal do Porto nas próximas eleições autárquicas, Catarina Martins afirmou que o candidato Sérgio Aires será um “grande vereador” e que fará a “diferença na Câmara do Porto, contrastando com a “oposição do tipo biombo de sala na Câmara do Porto”, que vai deixando aprovar o “plano Rui Moreira”.

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Catarina Martins afirmou que a oposição do BE no Porto é a oposição “que dirá sempre que a transparência, a exigência e a solidariedade rimam com a democracia”

“É esse o caminho a que nos propomos e é para isso que está aqui esta grande equipa e sim, o Sérgio Aires será um grande vereador. Fará a diferença na Câmara Municipal do Porto”, declarou a líder dos bloquistas.

A coordenadora do BE acusou Rui Moreira de transformar a autarquia numa “empresa de negócios” e lamenta que a cidade esteja largada à monocultura do turismo.

“Uma autarquia não pode ser uma empresa de negócios. Uma autarquia é a responsabilidade máxima mais próxima da democracia, de responder às pessoas e de responder a quem mais precisa e é para isso que cá estamos, pela habitação condigna a quem hoje vive em habitação precária, pelo direito a viver no Porto de quem aqui viveu toda a vida e não quer ser expulso por especulação imobiliária e pelo assédio dos senhorios”, afirmou.

Catarina Martins, que falava em conferência de imprensa esta tarde na Praça da Corujeira, na freguesia de Campanhã, alertou que a Câmara do Porto se prepara para permitir a construção de mais 80 unidades hoteleiras no centro histórico do Porto e declarou que o BE está a “correr pela cidade”, porque o BE tem “pressa de ter esquerda a sério na Câmara Municipal do Porto”.

“Porque uma cidade de hotéis não é uma cidade de gente. E sim, que haja o turismo, mas que haja a cidade. De tanto quererem a galinha dos ovos de ouro, estão a matar a cidade, estão a matar a possibilidade do Porto existir”, assumiu.

O atual executivo da Câmara Municipal do Porto é liderado por Rui Moreira, eleito pelo movimento “Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido”, reconduzido no cargo nas últimas eleições autárquicas, onde venceu com maioria absoluta.

As eleições para os cidadãos escolherem a configuração de executivos municipais, assembleias locais e juntas de freguesia têm de ser marcadas pelo Governo para entre 22 de setembro e 14 de outubro.

Em Portugal há 308 municípios (278 no continente, 19 nos Açores e 11 na Madeira), e 3.092 juntas de freguesia (2.882 no continente, 156 nos Açores e 54 na Madeira).