Luís Marques Mendes pegou naquilo que, garante, muitos consideraram erradamente um “fait-divers” — as críticas de Ana Catarina Mendes a Pedro Nuno Santos no programa Circulatura do Quadrado, da TSF e da TVI24, a propósito do desentendimento público do ministro das Infraestuturas com o CEO da Ryanair —, para declarar aberta a “guerra de sucessão” dentro do PS.

No seu habitual comentário de domingo à noite, no Jornal da Noite da SIC, Marques Mendes começou por considerar todo o episódio “surreal”, desde a resposta pública do ministro ao fundador da Ryanair Michael O’Leary, às críticas que a líder parlamentar do partido do governo teceu a Pedro Nuno dias mais tarde; para depois o contextualizar: “Pedro Nuno Santos é o grande favorito a suceder a António Costa. Só que a solução não é do agrado do atual primeiro-ministro. E António Costa está a tentar encontrar uma alternativa”. Ou seja, Ana Catarina Mendes.

De acordo com o comentador, que revelou que em 2019 António Costa “foi sondado” para o cargo de Presidente do Conselho Europeu, “já toda a gente percebeu que muito provavelmente António Costa vai deixar o liderança do PS na Primavera de 2023 e mais tarde o governo”. Tudo porque, explicou também, será na cadeira atualmente ocupada pelo belga Charles Michel que o atual primeiro-ministro português vê o seu futuro próximo.

“Se em 2024 ele quiser ser presidente do Conselho Europeu — e pode ter chances para isso —, ele tem de sair do governo antes, em 2023. Não pode candidatar-se às eleições legislativas e oito meses depois sair, isso seria fazer o filme que já vimos em 2004 com Durão Barroso, é uma espécie de suicídio, agora em versão de reincidência agravada”, explicou Marques Mendes, depois de repetir por duas vezes que Costa “gosta da ideia de ter um cargo europeu”.

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Para o comentador da SIC, a jogada da líder parlamentar do PS, na tentativa de começar a ganhar posição para a corrida de sucessão, não terá sido a mais feliz — “Não é correto nem inteligente, só arranja anticorpos e animosidade”, disse, para depois catalogar Ana Catarina Mendes como “uma espécie de segunda escolha” de António Costa, que veria em Fernando Medina a solução ideal. “Mas Medina já deu sinais de que não está virado para essa guerra, mais depressa pode ser candidato a Presidente da República em 2026 do que candidato a líder do PS”, observou em jeito de conclusão.

Minutos antes de discorrer sobre as “hostes” em guerra no PS, e após tecer críticas à decisão do Reino Unido de retirar Portugal da lista de países seguros e à reação do governo português, por ter “sido apanhado desprevenido” pela notícia, o comentador tinha dado uma boa notícia. Segundo Marques Mendes, o certificado verde de vacinação Covid-19, que vai entrar em vigor na União Europeia no próximo dia 1 de julho para facilitar a circulação entre países, poderá começar a ser descarregado já a partir do próximo dia 14 de junho.

No que diz respeito ao solo nacional e à pandemia, o comentador considerou ainda que a decisão do governo de manter encerradas discotecas e bares “é errada”, sugerindo o funcionamento destes estabelecimentos com lotações limitadas e testes Covid à entrada, e até a abertura de uma linha prioritária de vacinação para jovens acima dos 18 anos ainda antes do início do período de férias escolares. Tudo para tentar controlar minimamente um cenário que, garante, será inevitável: “Alguém acredita que em Agosto os jovens vão ficar em casa e deitar-se à meia-noite?!”