O presidente do Futebol Clube do Porto garantiu que os testes à Covid-19 realizados ao jogador japonês Nkajim foram “todos negativos” e criticou o “aparato” das buscas ao Estádio do Dragão, no passado dia 20 de maio, no âmbito de uma investigação a alegadas falsificações de testes no Sporting, FC Porto e Portimonense.

Em entrevista ao Jornal de Notícias, Pinto da Costa falou pela primeira vez sobre este caso, mas assegurou que os inspetores da Polícia Judiciária (PJ) não “apanharam nada de ilegal”, afastando a possibilidade de haver suspeitas de uma falsificação de testes à Covid-19 de outros jogadores:

Pediram do Nakajima e mais nada. E demos todos os testes. Depois, parece que o Nakajima, quando já não estava no Porto e foi para o Japão, apresentou um teste que nem sequer foi feito pelo laboratório que eles foram investigar, explicou.

Pinto da Costa criticou ainda o facto de ter havidos jornalistas a chegar ao estádio antes da PJ, admitindo assim que a comunicação social pode ter sido avisada antecipadamente que as buscas iam acontecer: “Eles chegaram ao Dragão às 9h30 horas e duas televisões já lá estavam desde as 9h00 à espera deles. Portanto, nós não sabíamos nada. Era tudo segredo”.

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“Covid free”. DCIAP e PJ investigam falsificação de testes Covid no FC Porto, Sporting e Portimonense

Pinto da Costa acusa banca de perdoar 100 milhões ao Sporting e fala sobre possível saída de Sérgio Conceição

Há quase 40 anos na presidência, Pinto da Costa considerou que o Sporting teve “mérito” na conquista do título, mas acusou o clube de ter “vantagem sobre o FC Porto e o Benfica”. “Os bancos já lhe perdoaram, ainda recentemente, 100 milhões de euros. Se me perdoarem as minhas dívidas, eu fico com fôlego para ir comprar jogadores. A nós ninguém faz isso. Os bancos nem nos emprestam, quanto mais dar”, disse, explicando que o seu clube se vê obrigado a procurar financiamento “na Inglaterra e na Alemanha”. “É uma concorrência desleal”, atirou.

O presidente do FCP revelou que no “auge da pandemia” o clube precisou de “dois milhões de euros para pagar salários e a primeira resposta do Novo Banco foi não”. Pinto da Costa contou que tinha um valor muito superior a receber da UEFA, que vem através da Federação Portuguesa de Futebol e que ele próprio pediu “a intervenção do doutor Fernando Gomes” para propor “ao Novo Banco, com quem eles trabalham também, o empréstimo ao FC Porto, garantido pela Federação”. “Portanto, o risco desta operação para o banco era zero. Foi recusado!”, lamentou.

Pinto da Costa adiantou a possibilidade de “haver saídas de jogadores” nos próximos tempos — é, aliás, algo, sobre o qual vai “começar a trabalhar para a próxima semana”. Questionado sobre quem é que vai sair do clube, o presidente atirou um nome: “Há interesse, por exemplo, da Fiorentina no Sérgio Oliveira. E há outros que poderão ou não, se realmente for importante a sua saída e se tivermos alternativa”.

Ministro da Administração Interna “nunca” será demitido, “faça o que fizer”

Depois de ter pedido a sua demissão na sequência dos festejos da final da Liga dos Campeões no Porto, Pinto da Costa disse ainda acreditar que o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, “nunca” será demitido, “faça o que fizer”.

Quem ele [o primeiro-ministro] devia demitir já teve tantos outros motivos mais graves para ser demitido que estou convencido que, faça o que fizer, nunca o será”, disse na entrevista ao Jornal de Notícias.

O presidente dos dragões acusou o Governo de dizer “uma coisa que não foi verdade”, quando garantiu aos portugueses que os adeptos que vieram a Portugal para a final da Liga dos Campeões iam viajar em bolha. “Se foi com o intuito de enganar, ou se foi por ignorância, ou se alteraram o que ela [a ministra Mariana Vieira da Silva] disse, isso não sei. Que ela disse uma coisa que não se verificou, isso é indesmentível“, afirmou.

Pinto da Costa considerou “incrivelmente atrasada” a decisão de haver público nos estádios a partir de 28 de junho e revelou que perguntou “recentemente” a um “ministro que visitou o Estádio do Dragão” a razão para que nem as famílias dos atletas pudessem assistir o “jogo decisivo” de basquetebol do FCP frente ao Sporting, quando “na véspera tinha havido um espetáculo no Pavilhão Rosa Mota/Super Bock com 2500 pessoas. “Ele, com toda a franqueza, disse-me que não compreendia. Se o ministro não compreende o que o Governo está a fazer, como vou eu compreender“, afirmou.