Os EUA completaram esta segunda-feira a formação a 40 soldados e médicos moçambicanos sobre táticas de salvamento em campo de batalha, anunciou a embaixada norte-americana em Moçambique.

“O Departamento de Estado dos EUA financiou dois programas [de formação], incluindo 730 mil dólares em equipamento de treino para permitir aos instrutores moçambicanos recentemente certificados replicar o curso em todo o país”, lê-se em comunicado.

Apesar de nunca fazer referência a Cabo Delgado, a cooperação surge numa altura em que Moçambique enfrenta uma insurgência armada no norte do país. No início de maio, os EUA concluíram um outro curso ministrado a fuzileiros moçambicanos. Desta vez, uma das formações formou 26 médicos, enfermeiros, e profissionais em cuidados médicos de emergência durante situações de conflito.

Noutro programa de treino, 14 soldados de todos os ramos do exército moçambicano aprenderam a administrar assistência médica de emergência a companheiros feridos em combate. “As formações irão permitir aos soldados e profissionais médicos moçambicanos tratar ferimentos e prevenir hemorragias graves, a principal causa de morte evitável num campo de batalha”, detalha o comunicado.

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Os EUA mostram a formação como um sinal que “demonstra o empenho dos Estados Unidos numa forte parceria com Moçambique“.

“Em estreita colaboração com o governo de Moçambique, o governo dos EUA fornece mais de 500 milhões de dólares em assistência anual para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde e educação, promover a prosperidade económica, e apoiar o desenvolvimento global e a segurança regional”, conclui.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, com alguns ataques reclamados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o governo moçambicano.

O número de deslocados aumentou com o ataque contra a vila de Palma em 24 de março, uma incursão que provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado. A fuga de Palma continua e já provocou perto de 68.000 deslocados.

As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas os tiroteios têm se sucedido e a situação levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico na próxima década.