Cinco adolescentes foram detidos na Bélgica depois de alegadamente terem violado, em grupo e num cemitério em Ghent, uma outra adolescente de 14 anos, tendo posteriormente divulgado imagens do ataque na internet. A vítima suicidou-se dias depois.

Dos cinco jovens, três deles são menores de idade, tendo estes sido encaminhados para instituições especializadas, enquanto que os dois adultos de 18 e 19 anos foram presos, segundo indicações das autoridades de Ghent ao canal de televisão belga VRT. Por se tratar de um assunto delicado, a acusação apenas confirmou que os jovens estão a ser investigados por “atos ocorridos pouco antes da morte da vítima”.

De acordo com a imprensa belga, as imagens circularam na internet e isso terá sido determinante para que a jovem pusesse fim à vida quatro dias depois de ter sido alegadamente violada pelo grupo de jovens, segundo um testemunho do pai da adolescente dado ao diário belga Het Nieuwsblad. Foi através dessas imagens que as autoridades conseguiram chegar ao paradeiro dos atacantes.

A jovem, que morava em Gavere, terá ido a Ghent para se encontrar apenas com um amigo e quando chegou ao local de encontro apareceram outros quatro suspeitos que, em conjunto, terão perpetrado o ataque, que terá acontecido a 15 de maio.

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Jef Vermassen, advogado do pai da vítima, confirmou ao Het Journaal, citado pelo canal VRT, que o pai e a jovem tinham procurado ajuda psicológica pouco tempo antes do ataque porque a adolescente não se andava a sentir bem. “O pai da vítima solicitou uma consulta, mas foram enviados para o hospital”, disse o advogado, acrescentando que não havia vaga para tratamento na altura pelo que a terapia só começaria a 21 de maio. A jovem acabou por cometer suicídio dia 19 desse mês. Segundo Vermassen, a terapia poderia ter feito diferença, ainda que a ajuda tenha sido procurada antes do ataque, caso tivesse sido oferecida mais rapidamente.

Governo quer resposta firme

Numa intervenção na passada quinta-feira, o ministro da Justiça belga, Vincent Van Quickenborne, dirigiu-se ao parlamento dizendo que esperava que se adotasse um projeto-lei que duplicasse a “pena máxima” para violação. Numa publicação no Twitter, o mesmo ministro definiu este caso como “horrível”, dizendo estar sem palavras. “Os meus pensamentos estão com a família e amigos. Os suspeitos foram presos e a investigação está em andamento. A justiça deve e vai garantir a justiça”, escreveu.

Van Quickenborne apelou ainda a todas as vítimas de violência sexual para que apresentassem queixa, prometendo que a justiça “fará de tudo para deter e punir os criminosos”.

Também o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, esteve presente numa vigília em memória da adolescente, na passada quarta-feira, tendo comparado a violência sexual contra mulheres com uma “pandemia” e que o país deve lutar contra isso “com tanta energia” como luta pela crise sanitária, refere a Euronews.

Sarah Schlitz, Secretária de Estado para a Igualdade, prometeu também tomar medidas para impedir que este tipo de imagens de violência sexual sejam divulgadas online. “A distribuição destas imagens nas redes sociais não é apenas intolerável, mas também totalmente ilegal. Simplesmente não deveria ser possível”, disse, citada pela BBC, acrescentando que a sua equipa irá reunir-se com representantes de algumas redes sociais para discutir políticas de moderação.