O ministro da Educação reafirmou esta terça-feira a confiança nas escolas para a recuperação das aprendizagens afetadas pela pandemia afirmando que foi com base nessa confiança que a tutela desenhou o plano para os próximos dois anos.

O Ministério da Educação vai voltar a ouvir especialistas e diretores escolares até à próxima semana, antes da aprovação final do plano para a recuperação das aprendizagens afetadas durante a pandemia.

“Confiamos nas escolas e por nelas confiarmos fizemos as escolhas que fizemos”, sublinhou Tiago Brandão Rodrigues, num debate parlamentar sobre a preparação do próximo ano letivo requerido pelo PCP. Na intervenção inicial, o ministro da Educação sublinhou a aposta na autonomia das escolas para o trabalho que terá de ser desenvolvido nos próximos anos letivos para recuperar as aprendizagens afetadas pelo ensino à distância, que marcou parcialmente os últimos dois anos.

Respondendo a algumas das críticas e dúvidas levantadas pelos deputados dos diferentes partidos, Tiago Brandão Rodrigues considerou que aquilo que já é conhecido do plano de recuperação das aprendizagens não é um conjunto de generalidades, como classificou o PCP, mas objetivos e metas concretas.

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“Escolhemos a autonomia educativa, o cuidar da transição entre ciclos e o equilíbrio das diferentes componentes do bem-estar dos nossos alunos”, acrescentou. O “Plano 21 | 23 Escola +” foi apresentado há uma semana, no Dia Mundial da Criança, a 1 de junho pelo Governo. Esta terça-feira voltou a ser referido por Tiago Brandão Rodrigues, que recordou que o documento com orientações para recuperar das consequências da Covid-19 no ensino resulta das recomendações de diversos intervenientes ouvidos pela tutela.

Além de um grupo de trabalho criado em março pelo Governo, o Ministério da Educação ouviu também representantes de diretores, de professores, alunos, conselhos pedagógicos, representantes de pais e encarregados de educação, autarcas e associações setoriais da educação e, segundo o ministro, o objetivo dessas audições foi criar um plano de qualidade.

“Ouvir, pensar, decidir, implementar e avaliar. Estas são as fases da decisão política, todos concordaremos. O que decide, porém, a sua qualidade é o seu grau de participação, de envolvimento, de auscultação e de acompanhamento”, acrescentou o ministro. O plano em causa, que vai envolver um investimento de 900 milhões de euros, parte de três prioridades: “ensinar e aprender”, “apoiar as comunidades educativas” e “conhecer e avaliar”.

“Depois da aprovação na generalidade, estaríamos hoje, e não estamos porque estamos aqui com os senhores deputados, a ouvir todos os diretores de agrupamentos e escolas não agrupadas”, disse o ministro em resposta aos deputados.

Além dos diretores escolares, a tutela vai também ouvir os dois órgãos consultivos: o Conselho Nacional de Educação e o Conselho das Escolas. “Entre esta e a próxima semana vamos poder ouvir todos esses representantes para ter a aprovação final deste plano”, explicou o ministro.

Segundo o ministro da Educação, esse trabalho vai focar-se sobretudo nos estudantes mais afetados durante o ensino a distância, mas também alargando-se aos professores e às próprias famílias. “Criamos, com este plano participado, e criaremos com a sua implementação colaborativa, um espaço e tempo ampliados e fortalecidos para apoiar, com base na maior flexibilidade e intensidade, os anos de escolaridade mais afetados pela pandemia”, disse.

Tiago Brandão Rodrigues deixou ainda uma palavra aos profissionais, que considerou serem “artífices primeiros e fundamentais da resposta presente que a Educação deu e ainda dá”. “E a forma ativa e empenhada como, connosco, estão a construir um próximo ano letivo que será, ainda que não exatamente o que todos desejamos que seja, um ano matricial na recuperação das aprendizagens e na resiliência do ensino”, acrescentou.