A Associação dos Lesados do Banif (ALBOA) informou esta quarta-feira ter desconvocado a manifestação prevista para quinta-feira, no Funchal, indicando que a decisão foi tomada após reunião com o primeiro-ministro, António Costa.

Tendo em conta o teor da reunião e as posições assumidas pelo primeiro-ministro, a ALBOA decidiu desconvocar a manifestação programada para amanhã (quinta-feira), no Funchal, e que iria decorrer no período das comemorações oficiais do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, refere em comunicado.

Os lesados consideram que António Costa, com quem se reuniram num hotel do Funchal, se mostrou sensível à “situação desesperada”, tendo prometido “enviar todos os esforços para o encurtamento do prazo para encontrar uma solução”.

“Para tal, informou que iria ser constituído, a breve prazo, o já referido grupo de trabalho, que terá como missão encontrar as melhores e mais rápidas vias de se avançar para a concessão da garantia governamental necessária para a constituição do Fundo de Recuperação de Crédito junto da Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM)”, lê-se no comunicado.

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O primeiro-ministro revelou esta quarta-feira que deverá ser concluído em breve pelo Banco de Portugal o processo de avaliação da “potencialidade de recuperação” de créditos dos lesados do Banif, sublinhando a necessidade de gerir com “sentido de justiça” e “prudência” a matéria.

“Esse trabalho está a ser concluído”, disse à chegada à Madeira, onde se encontra para participar nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

E acrescentou: “Já tive oportunidade de falar com o senhor governador do Banco de Portugal e ele reafirmou-me que muito brevemente o Banco de Portugal dará essa informação, ou seja, ficarmos a saber qual é a potencialidade de recuperação desses créditos. Isso é importante para a proteção do erário público, porque não estou a falar do meu dinheiro, estou a falar do dinheiro que é de todos os portugueses, portanto, é preciso saber em que medida esse dinheiro adiantado é efetivamente recuperado.”

O Banif foi adquirido pelo Santander Totta por 150 milhões de euros, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a atividade bancária que o comprador não adquiriu.

Neste processo, cerca de 3.500 obrigacionistas subordinados e acionistas perderam 263 milhões de euros, havendo ainda a considerar 4.000 obrigacionistas Rentipar (holding através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil acionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira.

A ALBOA representa apenas os ex-clientes não qualificados, que foram lesados num valor estimado em cerca de 180 milhões de euros.